Conheça a doença invisível que afeta milhões de pessoas

Disautonomia é uma condição de saúde que muitas vezes passa despercebida, tanto pela população em geral quanto por muitos profissionais de saúde. Essa doença afeta o sistema nervoso autônomo (SNA), que é responsável por controlar funções automáticas do nosso corpo, como a circulação sanguínea, a digestão e o funcionamento dos rins. A disautonomia, então, acontece quando há uma falha nesse sistema, o que pode levar a uma série de problemas e sintomas que nem sempre são facilmente identificáveis.

O Dr. Edson Bor-Seng Shu, um especialista da Clínica Neurocirúrgica do Hospital das Clínicas e vice-coordenador do curso de extensão universitária em Neurologia da USP, fala um pouco mais sobre essa condição. Segundo ele, o SNA trabalha para adaptar o ambiente interno do corpo às mudanças externas, garantindo que tudo funcione bem. Mas quando esse sistema não está funcionando direito, surgem os sintomas de disautonomia. Essa condição pode até acompanhar outras doenças, como Parkinson ou doenças autoimunes e infecciosas. Durante a pandemia de covid-19, por exemplo, houve um aumento significativo nos casos de disautonomia, já que o coronavírus pode ter desencadeado a condição em alguns pacientes.

Agora, falando das causas, o Dr. Shu menciona vários fatores que podem levar a uma disautonomia. O consumo excessivo de álcool, por exemplo, pode causar vermelhidão na pele devido a uma disfunção na microcirculação, que é uma forma de disautonomia. Além disso, certos medicamentos, como os anti-hipertensivos, antidiuréticos e antidepressivos, também podem ter esse efeito. Às vezes, não conseguimos encontrar uma causa específica para a disautonomia, que é quando se fala em disautonomia primária. No entanto, a medicina está avançando e agora já se sabe que mutações genéticas podem estar envolvidas.

O diagnóstico da disautonomia é geralmente clínico. Isso significa que os médicos precisam avaliar os sintomas para identificar a condição. Esses sintomas podem variar bastante, mas alguns dos mais comuns incluem dificuldade para ficar em pé por muito tempo (intolerância ortostática), sensação de mal-estar, tontura, cansaço, palpitações e problemas com a pressão arterial. Além disso, há sintomas mais específicos como visão embaçada e problemas com a memória e concentração. Isso acontece porque o sistema nervoso autônomo é responsável por regular o fluxo sanguíneo, e quando há problemas nessa regulação, o sangue pode se acumular nas partes inferiores do corpo, levando a todos esses sintomas.

Quando se trata de tratamento e acompanhamento, é essencial que quem tem disautonomia procure acompanhamento médico especializado. Cardiologistas e neurologistas são alguns dos profissionais que podem ajudar, mas, na verdade, qualquer médico pode diagnosticar a condição, já que os sintomas podem afetar vários órgãos e sistemas do corpo. O primeiro passo geralmente é uma avaliação clínica geral. Se o médico suspeitar de disautonomia, ele vai investigar possíveis fatores desencadeantes e também outras doenças que costumam estar associadas a essa condição.

Em resumo, a disautonomia é uma doença complexa e que pode se manifestar de várias formas. Seu diagnóstico e tratamento podem ser desafiadores, mas com o acompanhamento certo e um bom entendimento dos sintomas, é possível gerenciar a condição de forma eficaz.