A atriz Fernanda Torres recentemente compartilhou suas impressões sobre interpretar Eunice Paiva, personagem central do filme “Ainda Estou Aqui”, em uma entrevista à CNN. Ao lado do diretor do filme, Walter Salles, eles discutiram os desafios de representar fielmente a vida dessa advogada. Torres fez uma analogia marcante ao descrever a história da família Paiva como uma tragédia grega, onde o desfecho trágico é iminente, mas os personagens precisam seguir em frente mesmo após enfrentarem grandes perdas.
Na visão da atriz e do diretor, a saga da família Paiva se assemelha às clássicas tragédias da Grécia antiga, onde a resiliência é fundamental para a superação. Eunice, mãe de cinco filhos, é retratada como uma figura de força e coragem, incapaz de se entregar à tristeza. Ela é comparada a uma mãe grega, que diante da tragédia, encontra forças para criar seus filhos e preservar a inocência deles, mesmo em meio às adversidades.
Para Fernanda Torres, a resiliência de Eunice diante de um destino implacável a aproxima das personagens das tragédias gregas, como Antígona, escrita por Sófocles. A atriz ressalta a potência dessa narrativa, que transforma uma família comum em um símbolo de resistência diante de um destino cruel. Essa abordagem emocional e profunda foi um dos desafios enfrentados por Torres ao interpretar Eunice, evitando transformar a dor da personagem em um mero melodrama.
A preocupação de Torres em retratar a dignidade de Eunice e a luta de sua família sem cair em clichês baratos destaca a sensibilidade da atriz para com a história que estava representando. Em parceria com Walter Salles, que também tinha uma relação próxima com os filhos de Eunice na vida real, eles buscaram manter a integridade e a força da protagonista, evitando romantizações ou simplificações que poderiam desvirtuar a realidade vivida por ela.
“Ainda Estou Aqui” é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e narra a história da família do escritor quando seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, foi levado pelo regime militar durante a Ditadura Militar no Brasil. A trama foca em Eunice Paiva, que assume o papel principal ao tentar desvendar o paradeiro do marido e cuidar dos filhos em meio à incerteza e à opressão do regime.
Eunice se torna um símbolo de resistência e luta dos familiares dos desaparecidos políticos durante aquele período sombrio da história brasileira. Além de enfrentar a incerteza sobre o destino do marido, ela se forma em Direito, tornando-se uma defensora dos direitos das comunidades indígenas no país. Sua trajetória é marcada por coragem, determinação e resiliência diante das adversidades impostas pela ditadura.
O reconhecimento do filme veio com as indicações ao Oscar 2025 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A premiação está marcada para 2 de março e promete ser um marco na consagração do trabalho e da história de Eunice Paiva e de todos aqueles que resistiram e lutaram por justiça em tempos difíceis.
Em resumo, a história de Eunice Paiva é um testemunho emocionante de força, coragem e perseverança frente às adversidades. O filme “Ainda Estou Aqui” não apenas retrata um capítulo sombrio da história brasileira, mas também celebra a resiliência e a dignidade daqueles que, como Eunice, enfrentaram o inimaginável com determinação e esperança.