Família denuncia abordagem racista contra jovens negros em shopping de SP

Incidente de Racismo em Shopping de São Paulo: Um Chamado à Reflexão

Na última quarta-feira, dia 16, um triste episódio ocorreu no shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo, envolvendo duas adolescentes, uma delas negra, que despertou indignação e preocupação em toda a sociedade. A mãe da menina, Leni Pires das Mercês, decidiu registrar um boletim de ocorrência após sua filha e um amigo negro serem abordados de maneira racista por uma segurança do local. Este acontecimento, que ocorreu por volta do meio-dia e meia, traz à luz questões profundas sobre racismo e como ele se manifesta em lugares que deveriam ser seguros e inclusivos.

O Contexto do Incidente

Os adolescentes, ambos estudantes do colégio Equipe, que fica próximo ao shopping, foram ao local para almoçar depois de uma aula sobre letramento racial e condutas antirracistas. Ir ao shopping deveria ser uma experiência normal para qualquer adolescente, mas, infelizmente, a realidade é que muitos jovens negros ainda enfrentam situações de discriminação e preconceito. Leni compartilhou que a segurança do shopping abordou primeiramente a amiga branca do grupo, questionando se os dois adolescentes negros estavam ‘incomodando’ ou ‘pedindo dinheiro’. Essa abordagem não só foi constrangedora, mas também reveladora de um viés racial que permeia a sociedade.

Intervenção e Reação

Após a abordagem, um professor do colégio que estava presente interveio, o que mostra que a educação e a conscientização estão começando a surtir efeito em alguns ambientes. A coordenação da escola, ao saber do ocorrido, prontamente registrou uma queixa formal no shopping. Esse tipo de ação é fundamental, pois demonstra que a comunidade escolar está se posicionando contra o racismo, mas também levanta a questão: até que ponto as instituições estão preparadas para lidar com situações de discriminação?

Leni, que inicialmente enfrentou resistência da filha para retornar ao shopping devido ao trauma do incidente, enfatizou a importância de fazer a reclamação e de que sua filha entendesse que ela tem o direito de frequentar todos os espaços, independentemente da cor de sua pele. Durante a conversa com a segurança e a administradora do shopping, Leni ouviu um pedido de desculpas e uma alegação de que os funcionários passam por treinamentos. Contudo, essa resposta não foi suficiente para Leni, que questionou a eficácia do treinamento considerando o que aconteceu, classificando a abordagem como “racismo explícito”.

Reações e Desdobramentos

O shopping, em sua defesa, argumentou que a segurança envolvida no incidente era negra e que a empresa valoriza a diversidade. No entanto, Leni considerou essa justificativa insuficiente, pois o problema não é apenas sobre a cor da pele dos funcionários, mas sobre a cultura e a mentalidade que permeiam o ambiente de trabalho. É necessário que haja uma mudança de atitude e não apenas ações pontuais.

Após registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, Leni declarou: “Onde eu puder, eu vou falar. Porque não pode isso acontecer, a gente tá em 2025. Como que eu posso estar aqui falando sobre isso?”. Sua fala é um grito por justiça e um lembrete de que ainda há muito a ser feito na luta contra o racismo e a desigualdade.

O Papel das Instituições e da Sociedade

O shopping Pátio Higienópolis, em nota à CNN, lamentou o ocorrido e afirmou que está em contato com a família dos adolescentes. Eles alegaram que o comportamento do funcionário não reflete os valores do empreendimento e que o caso está sendo tratado com seriedade. Além disso, a administração do shopping comunicou que já possui uma grade de treinamentos e letramento, que será reforçada. Isso levanta uma importante questão: será que apenas treinamentos são suficientes para mudar atitudes arraigadas?

A Polícia Civil também se manifestou, informando que o Boletim de Ocorrência será encaminhado para investigação. Esse tipo de ação é essencial para que episódios de racismo não sejam normalizados e para que haja consequências para comportamentos discriminatórios.

Reflexão Final

O que aconteceu com Leni e sua filha não é um caso isolado. Infelizmente, muitos jovens negros enfrentam situações semelhantes diariamente. É fundamental que a sociedade como um todo, incluindo escolas, empresas e instituições, se una para combater o racismo e promover um ambiente mais acolhedor e justo para todos. Falar sobre racismo não é apenas uma obrigação; é um ato de coragem e amor ao próximo. Que a história de Leni e sua filha sirva de inspiração para que mais pessoas se manifestem e que a luta contra o racismo nunca cesse.