A Celebração da Irmandade da Boa Morte: Um Marco de Igualdade Racial no Brasil
Na última sexta-feira, dia 15, a Irmandade da Boa Morte foi agraciada com um título federal que a reconhece como um símbolo de promoção da igualdade racial. Essa festa, que é um patrimônio imaterial do Brasil, ocorre na cidade de Cachoeira, localizada no Recôncavo da Bahia, desde o longínquo ano de 1820. O evento não apenas celebra a cultura afro-brasileira, mas também destaca a luta histórica por direitos e igualdade.
Um Evento Repleto de História e Cultura
Este ano, o evento foi ainda mais especial com a presença ilustre da primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, que também é baiana. Além dela, outras figuras importantes, como Tatiana Velloso, ministras, secretários e diversas autoridades se juntaram para um dia repleto de homenagens, anúncios e iniciativas voltadas à valorização da cultura popular e dos povos de terreiro. A festa não é apenas uma celebração, mas um verdadeiro manifesto em favor da igualdade racial.
O Papel Histórico da Irmandade
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, não deixou de ressaltar a importância histórica da irmandade. Ela lembrou que, no passado, a Irmandade da Boa Morte chegou a comprar a liberdade de pessoas escravizadas. “É uma história comovente, de mulheres defendendo a liberdade e os direitos humanos”, destacou. É impressionante pensar que, em um contexto tão opressor, essas mulheres se uniram para lutar por dignidade e liberdade.
Declarações Inspiradoras e Futuro Promissor
A ministra Anielle Franco também compartilhou suas reflexões durante a festa, enfatizando que a promoção da igualdade racial é essencial para um Brasil mais seguro e democrático. “Hoje, eu declaro aqui junto de cada uma de vocês, a minha honra e orgulho de caminhar ao lado dessas mulheres incríveis. Que o dia de hoje fique marcado nesse país. A democracia é feminina e negra e virá pelas nossas mãos”, afirmou com emoção.
Adoção de Políticas Públicas
Entre os anúncios feitos durante o evento, estava a adesão do município de Cachoeira à política de Povos de Terreiro do Governo Federal, além da inclusão no Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR). Essa inclusão é um passo significativo, pois outras 12 prefeituras também entraram nesse sistema, mostrando um movimento crescente em direção à igualdade racial no país.
Homenagens e Reconhecimento
Dona Dalva, uma sambista local, foi homenageada com o Prêmio do Ministério da Cultura. Além disso, foi anunciado que a Casa de Samba da artista, juntamente com o Terreiro Ilê Axé Icimimó, receberão obras pelo PAC Cidades. O terreiro, que é um espaço sagrado para a cultura afro-brasileira, recebeu ainda a placa de tombamento do Iphan, um reconhecimento fundamental para a preservação cultural. Para coroar o evento, Dona Dalva foi anunciada como provedora da Festa da Boa Morte em 2026, garantindo que a tradição continue viva.
Um Evento Exclusivamente Feminino
A festa, que é dirigida exclusivamente por mulheres negras, teve início na quarta-feira (13) e seguirá até domingo (17). Durante esses dias, as celebrações incluem missas, procissões, sambas de roda e diversas manifestações culturais que enriquecem ainda mais o evento. A presença feminina é uma marca registrada da festa, simbolizando a força e a resistência das mulheres negras ao longo da história.
Um Legado de Luta e Dignidade
A Irmandade da Boa Morte foi criada no século XVII em Salvador, mas logo se transferiu para Cachoeira, em meio a conflitos históricos. A provedora deste ano, Irmã Neci Santos Leite, relembrou que o objetivo da irmandade sempre foi garantir dignidade e liberdade. “Pessoas escravizadas não tinham direito a uma morte digna. A nossa luta é para que isso nunca se repita”, afirmou, refletindo sobre a importância dessa tradição que resiste ao longo dos anos.
Convite à Reflexão
Este evento vai muito além de uma simples festividade. Ele é um convite à reflexão sobre a história do Brasil, suas lutas e conquistas. A Irmandade da Boa Morte simboliza a perseverança de um povo que não se esqueceu de suas raízes e que luta por um futuro mais justo. Ao final da celebração, fica a pergunta: como cada um de nós pode contribuir para a promoção da igualdade racial em nosso dia a dia?
Se você se sente inspirado por essa história, compartilhe suas reflexões nos comentários e ajude a espalhar a mensagem de igualdade e respeito. Que possamos celebrar juntos a diversidade e a riqueza cultural do nosso país!