Lula embarca para Assembleia da ONU, nos EUA, em meio à tensão com Trump

Lula em Nova York: Encontro com Desafios e Oportunidades na ONU

No início da manhã deste domingo, dia 21, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), embarcou em um voo rumo a Nova York. Essa viagem é marcada pela sua participação na 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorrerá entre os dias 22 e 24 de setembro. A expectativa é alta, uma vez que o Brasil, tradicionalmente, abre os discursos na Assembleia, o que acontece na manhã da terça-feira, dia 23, seguido pelos Estados Unidos.

O que esperar do pronunciamento de Lula?

Segundo informações divulgadas pela CNN, o foco principal do discurso de Lula deverá ser a defesa da soberania nacional, a importância da democracia e o multilateralismo. O tema escolhido para esta edição da Assembleia é “Melhor Juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”, o que reflete um apelo à cooperação internacional em tempos de divisões crescentes.

Essa participação de Lula ocorre em um contexto delicado, especialmente considerando as recentes tensões diplomáticas entre o Brasil e o governo americano. O presidente Lula chega aos Estados Unidos em um momento em que as relações estão carregadas de desafios, fruto de tarifas e sanções que marcaram o governo de Donald Trump.

Tensões e Tarifas

Desde o dia 6 de agosto, uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados para os EUA está em vigor. Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sancionado pela Lei Magnitsky, que visa restringir financeiramente aqueles considerados violadores dos direitos humanos. Essas medidas, segundo o governo americano, têm como justificativa a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi condenado recentemente por golpe de Estado.

Essa será a primeira vez que Lula e Trump estarão no mesmo espaço desde que o republicano reassumiu a presidência. No entanto, não há previsão de um encontro reservado entre os dois líderes. Fontes do governo brasileiro afirmam que nem Lula estendeu um convite a Trump, nem o presidente americano fez um convite ao brasileiro. Essa falta de diálogo indica as dificuldades nas relações bilaterais atuais.

Desafios Logísticos

A semana que antecedeu a viagem de Lula foi marcada por problemas na emissão de vistos para alguns membros da comitiva presidencial. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a receber uma autorização, mas com restrições severas, que limitavam seu deslocamento a um perímetro de cinco quarteirões em Nova York, o que o levou a desistir de comparecer a uma reunião importante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Washington.

Além disso, os EUA impuseram restrições ao visto de dois brasileiros que estavam envolvidos na implementação do programa Mais Médicos, estabelecido durante o governo de Dilma Rousseff. Apesar dessas dificuldades, Lula está com toda a documentação em ordem e deve chegar a Nova York neste domingo, enquanto a primeira-dama, Janja, já está nos EUA desde quinta-feira, dia 18, participando de agendas relacionadas à COP30.

Eventos Paralelos e a Semana do Clima

Na segunda-feira, dia 22, Lula participará da Semana do Clima de Nova York, um evento preparatório para a COP30, que ocorrerá em Belém em 2025. Além disso, há uma reunião agendada sobre a situação da Palestina, um tema que certamente será discutido amplamente nesta Assembleia Geral.

Na quarta-feira, Lula e representantes de cerca de 30 países estarão juntos em um evento intitulado “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”. Esse evento, que no ano passado contou com a presença de um representante do governo americano, desta vez não incluirá os EUA, uma decisão que reflete as tensões atuais entre os dois países. O governo Lula, em parceria com líderes de países como Chile, Espanha, Colômbia e Uruguai, optou por não convidar os americanos, considerando a incoerência de convidar um país que tem adotado ações contrárias aos princípios defendidos no evento.

Esses acontecimentos, portanto, não são apenas uma oportunidade para Lula reafirmar sua presença no cenário internacional, mas também um teste às relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Ao mesmo tempo que busca fortalecer laços com aliados, Lula enfrenta o desafio de navegar por um ambiente político recheado de adversidades e complexidades. Como se desenvolverá essa interação na Assembleia da ONU? Somente o tempo dirá.



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