Falece famosa atriz da Globo e Renata Vasconcellos entrega notícia ao vivo no Jornal Nacional: ‘Morreu’

Na noite de segunda-feira, o Jornal Nacional voltou a abrir espaço para uma daquelas notícias que a gente não gostaria de ouvir. A apresentadora Renata Vasconcellos, recém saída das férias, retornou ao estúdio ao lado de William Bonner para comandar a edição mais assistida da TV brasileira. E logo no início do telejornal, trouxe uma informação que deixou muita gente de luto: a morte da atriz e comediante Berta Loran, aos 99 anos de idade, no Rio de Janeiro.

A cena foi de pesar. Renata anunciou: “No Rio de Janeiro morreu, aos 99 anos, a atriz e comediante Berta Loran”. Poucas palavras, mas que carregaram uma carga enorme de emoção. Afinal, não era apenas a despedida de uma atriz, mas de uma mulher que construiu mais de oito décadas dedicadas ao humor, ao teatro, ao cinema e à televisão.

A vida antes dos palcos

Nascida como Baza Ais, na Polônia, Berta tinha no sangue o gosto pela arte, herdado do pai, que era alfaiate, mas também arriscava como ator amador. A família precisou fugir do nazismo, e foi assim que ela desembarcou no Brasil ainda criança, com apenas nove anos de idade. Aqui, encontrou um novo lar, uma nova língua e, mais tarde, uma carreira que se transformaria em um legado histórico.

Anos mais tarde, em entrevistas, Berta nunca cansava de repetir sua gratidão: “O Brasil me deu tudo, me deu idioma, me deu carinho, me deu a minha profissão maravilhosa que eu amo”. Era uma relação de troca, já que o país também recebeu dela risadas, histórias e personagens que marcaram gerações.

O humor como destino

A veia cômica da atriz surgiu cedo. Ela mesma contava, sempre rindo, que um dia calçou o salto da mãe para subir ao palco. No meio da encenação, o salto quebrou, ela começou a mancar, e a plateia caiu na gargalhada. Ao invés de vergonha, sentiu prazer: “E eu gostei! Pensei comigo: o bom é fazer rir”, recordava. Esse foi talvez o primeiro sinal de que o humor seria não só uma vocação, mas o caminho de toda a sua vida.

A carreira e os colegas

Do improviso da adolescência aos palcos profissionais, Berta construiu uma carreira sólida e respeitada. Não faltaram trabalhos no teatro, participações marcantes na TV e até incursões no cinema. Ela transitava entre papéis com naturalidade, mas era na comédia que encontrava sua essência.

Colegas como Ary Fontoura e Lúcio Mauro Filho não economizaram palavras ao homenageá-la. Nas redes sociais, que hoje funcionam como um grande memorial coletivo, ressaltaram a importância dela para a história da comédia nacional. Ary, por exemplo, destacou que Berta era daquelas atrizes que não precisavam de muito esforço para arrancar um sorriso. Já Lúcio lembrou do carinho que ela sempre transmitia nos bastidores, aquela mistura de profissionalismo com afeto que poucos conseguem equilibrar.

O legado de uma estrela

Numa época em que o humor enfrenta discussões sobre limites, cancelamentos e novos formatos — basta lembrar dos debates recentes envolvendo stand-ups no Brasil —, a lembrança de Berta serve como um respiro. Ela pertenceu a uma geração que acreditava que o riso é uma ponte poderosa, capaz de conectar pessoas em qualquer contexto. E talvez esteja aí a explicação para sua longevidade artística: autenticidade.

Morreu Berta Loran, mas fica Berta no imaginário coletivo. Sua história de vida, marcada pela fuga do nazismo, pela reinvenção no Brasil e pela consagração nos palcos, é um daqueles exemplos de como o humor pode ser mais forte que a tragédia. É o tipo de trajetória que não se apaga com o tempo, mas que se multiplica nas lembranças, nas gravações, nos depoimentos de quem a conheceu e, claro, nas gargalhadas que ainda ecoam de suas apresentações.

Seja no palco de madeira de um teatro antigo, seja no sofá das casas brasileiras em alguma reprise de novela ou programa humorístico, a presença dela continua viva. O público pode até ter se despedido nesta semana, mas Berta, com certeza, permanece no coração de quem aprendeu a rir com ela.



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