O Banco Central (BC) confirmou que, a partir desta quarta-feira (1º de outubro), todos os usuários do Pix vão ter acesso a um novo recurso: o famoso “botão de contestação”. A função, que aparece direto nos aplicativos dos bancos e instituições financeiras, promete facilitar a vida de quem caiu em golpes ou fraudes digitais — e convenhamos, isso não é pouca gente nos tempos de hoje.
A lógica é simples: o cliente que sofreu um golpe poderá apertar esse botão e abrir uma contestação sem precisar passar por atendente, ligação chata ou burocracia de papelada. Tudo digital, direto na plataforma. Segundo o BC, a novidade é uma evolução do Mecanismo Especial de Devolução (MED), que já existe e serve justamente para casos em que alguém transfere dinheiro via Pix e depois descobre que foi enganado.
Até então, com o MED, a vítima precisava acionar o banco, abrir uma comunicação e pedir a contestação da transferência. Isso levava tempo, e tempo é justamente o que os golpistas mais aproveitam: enquanto o dinheiro não é bloqueado, eles vão pulverizando valores em diferentes contas, dificultando qualquer recuperação. O novo botão, ao contrário, promete dar mais agilidade a esse bloqueio inicial.
Na prática, funciona assim: ao clicar em contestar, a informação é transmitida de imediato para o banco que recebeu o Pix — no caso, o banco do golpista. A instituição, então, deve bloquear o valor suspeito se ele ainda estiver disponível. Só esse detalhe já aumenta bastante a chance de o cliente recuperar o dinheiro, porque reduz o intervalo de manobra dos criminosos.
Breno Lobo, chefe adjunto do departamento de competição e estrutura do mercado financeiro (Decem) do BC, explicou que o processo terá duas etapas. Primeiro, o bloqueio instantâneo; depois, a análise. “Depois do bloqueio, os bancos envolvidos têm até sete dias para revisar a contestação. Se ambos concordarem que realmente se trata de fraude, a devolução é feita direto na conta da vítima. Esse processo, no máximo, deve levar 11 dias após a contestação”, disse ele em coletiva.
Vale ressaltar que o botão não serve para qualquer tipo de problema com Pix. Não adianta querer contestar uma compra por arrependimento, erro de digitação na chave ou desacordo comercial — tipo quando o produto não chegou ou veio quebrado. Nesses casos, a briga continua sendo entre cliente e lojista, sem a interferência do BC. O botão foi criado exclusivamente para situações de fraude e golpes, que infelizmente se multiplicaram muito nos últimos anos.
Quem acompanha notícias de tecnologia sabe que os números de golpes digitais só aumentam. Recentemente, o próprio Ministério da Justiça alertou para quadrilhas que usam engenharia social no WhatsApp, se passando por parentes ou amigos para pedir Pix. E não é só gente leiga que cai, viu? Teve até jornalista famoso que admitiu publicamente ter perdido dinheiro para um golpe assim. Ou seja, a medida do BC vem num momento em que a pressão por mais segurança no sistema é enorme.
Agora, se vai funcionar mesmo, só o tempo vai dizer. Na teoria, é uma ferramenta que chega para corrigir uma falha: o Pix foi rápido demais para a sociedade, mas a proteção contra crimes não acompanhou esse ritmo. O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia comentado em entrevistas que o desafio era equilibrar inovação com segurança — e que soluções como essa poderiam ser adotadas ao longo do tempo.
No fundo, o botão de contestação é mais um passo para dar confiança ao usuário. O Pix já virou o principal meio de pagamento no Brasil, presente até em feiras livres e vendedores ambulantes. Se a população começar a sentir que não tem como recuperar o dinheiro em caso de golpe, esse sucesso poderia ficar ameaçado.
Portanto, a novidade chega em boa hora. Para quem já sofreu ou teme cair em um golpe, é um alívio saber que agora existe um caminho mais rápido para tentar reaver o dinheiro. Claro que não resolve tudo — os golpistas sempre inventam moda, como se diz no ditado — mas já é um avanço importante.
