Durante um jantar do Grupo Prerrogativas, realizado em Brasília nesta segunda-feira (6), a primeira-dama Janja da Silva acabou protagonizando um momento curioso — e, digamos, um tanto simbólico da atual cena política brasileira. Tudo aconteceu quando o coordenador do grupo, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo nome. Na hora, Janja interrompeu e sugeriu que ele fosse chamado de “o inominável”.
A cena foi relatada pelo jornalista Igor Gadelha, do portal Metrópoles. Segundo a coluna, o evento aconteceu na galeria Cerrado Cultural, no Lago Sul, e contou com a presença de várias figuras conhecidas do governo. Carvalho, que conduzia uma espécie de roda de conversa com a ministra da Cultura, Margareth Menezes, iniciou seu discurso com um tom de homenagem e reflexão sobre o papel da cultura no atual governo.
Janja, sentada logo nas primeiras fileiras, acompanhava tudo atenta. No começo, o advogado até evitou mencionar Bolsonaro, chamando-o justamente de “inominável”. Mas, em um deslize espontâneo, acabou citando o nome do ex-presidente enquanto falava sobre o impacto do governo anterior na área da Cultura.
— O presidente Lula fez uma sinalização muito importante quando te escolheu para liderar essa área, que talvez tenha sido a mais fortemente afetada pelo governo Jair Bolsonaro — disse Carvalho, antes de ser prontamente corrigido.
“O inominável!”, disparou Janja, com um leve sorriso, mas em tom firme. O advogado, constrangido porém bem-humorado, respondeu:
— Inominável. Tem razão. Falei o nome dele.
O episódio rapidamente virou o assunto do jantar, que, diga-se, reuniu uma boa parte da cúpula do governo e aliados próximos do presidente Lula (PT). Entre os presentes estavam os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além dos deputados petistas Rui Falcão (SP), Lindbergh Farias (RJ) e Odair Cunha (MG). Também marcaram presença o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Vieira de Mello Filho, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Manoel Carlos, e Ana Estela Haddad, esposa do ministro da Fazenda e atual secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde.
O jantar, além do episódio engraçado, teve também um clima de confraternização entre o grupo, conhecido por sua atuação em defesa do Estado Democrático de Direito durante o governo Bolsonaro. Para muitos, a fala de Janja soou mais como uma brincadeira do que uma repreensão — um jeito leve de reforçar a rejeição que boa parte do grupo tem ao ex-presidente, cuja figura segue sendo motivo de divisão no país.
Nas redes sociais, o episódio não passou despercebido. Alguns internautas acharam graça da situação, destacando o bom humor da primeira-dama, enquanto outros criticaram o que chamaram de “demonização” de Bolsonaro por parte de membros do governo. Seja como for, o termo “inominável”, que já era usado por alguns militantes e influenciadores ligados ao PT, acabou ganhando força de novo após o jantar.
Vale lembrar que o evento ocorreu em meio a um momento político agitado — especialmente com as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal envolvendo investigações sobre o 8 de Janeiro e os aliados do ex-presidente. A tensão entre o bolsonarismo e o atual governo segue firme, e situações como essa, ainda que leves, mostram como a rivalidade continua viva até nos bastidores mais descontraídos.
No fim das contas, o jantar do Grupo Prerrogativas acabou servindo não só como um encontro de aliados, mas também como retrato do clima político de 2025: dividido, simbólico e cheio de ironias. E, claro, com um toque de humor, como o que Janja demonstrou ao transformar o nome de Bolsonaro em algo, literalmente, impronunciável.