Papa Leão XIV realiza “sonho” de Francisco em 1ª viagem ao exterior; entenda

O papa Leão XIV vai finalmente tirar do papel um desejo antigo de seu antecessor, o papa Francisco. O Vaticano anunciou nesta terça-feira (7) que o pontífice fará uma viagem à Turquia e ao Líbano entre o fim de novembro e o começo de dezembro, cumprindo uma promessa que ficou marcada na memória da Igreja.

Segundo informações divulgadas pela Santa Sé, o objetivo principal da viagem é celebrar o aniversário do Primeiro Concílio de Niceia — evento histórico que aconteceu há quase 1.700 anos, na antiga cidade de Niceia, hoje chamada de Iznik, na Turquia. Esse concílio foi um dos mais importantes da história do cristianismo, onde foram definidas bases doutrinárias que moldaram a fé católica até hoje.

No comunicado oficial, o Vaticano destacou que o papa Leão XIV “retoma o legado do Papa Francisco e realiza sua primeira viagem apostólica à Turquia e ao Líbano, de 27 de novembro a 2 de dezembro”. O texto ainda lembra que Francisco costumava se referir a essa visita como “um sonho”, especialmente pelo desejo de levar conforto e esperança ao povo libanês, que vem enfrentando crises políticas e econômicas graves, além dos impactos da guerra no Oriente Médio.

A visita, portanto, vai muito além de um simples gesto diplomático. É também um ato simbólico, de continuidade entre dois pontificados que compartilham o mesmo espírito de diálogo e paz. Desde a sua eleição, em maio deste ano, Leão XIV tem mostrado um perfil mais reservado, mas firme nas suas posições sobre temas sociais e humanitários. Muitos observadores do Vaticano dizem que ele tem tentado equilibrar a tradição com uma visão moderna da Igreja, algo que também foi marca registrada de Francisco.

Vale lembrar que o papa Francisco faleceu no dia 21 de abril deste ano, aos 88 anos, deixando um legado de proximidade com os mais pobres e uma mensagem de tolerância religiosa que marcou seu tempo. A morte do pontífice gerou comoção em todo o mundo, e muitos acreditam que Leão XIV tenta honrar essa trajetória com gestos concretos, como essa viagem que estava engavetada há anos.

A expectativa é de que o papa visite, além de Iznik, a capital turca Ancara e Beirute, no Líbano. Em ambos os países, ele deve se reunir com líderes religiosos de outras denominações, reforçando o diálogo inter-religioso — um tema que continua sendo uma das prioridades do Vaticano. O papa também deve celebrar uma missa pública, provavelmente em Beirute, o que pode atrair milhares de fiéis.

Observadores políticos dizem que a visita pode ter impacto não só religioso, mas também diplomático, especialmente considerando a situação tensa no Oriente Médio, agravada pelas recentes ofensivas na fronteira entre Israel e o Líbano. Há quem veja na viagem um gesto de apaziguamento, uma tentativa de reabrir pontes em uma região constantemente ferida por conflitos e divisões.

Fontes próximas ao Vaticano afirmam que Leão XIV tem preparado pessoalmente alguns dos discursos da viagem, o que mostra a importância que ele dá a esse momento. “O Papa quer transmitir uma mensagem de unidade e esperança, especialmente aos jovens libaneses e turcos”, teria dito um assessor próximo.

De certa forma, essa viagem marca o primeiro grande teste internacional do novo pontificado. O mundo vai observar como Leão XIV se comporta fora dos muros do Vaticano — se ele conseguirá manter o carisma e a simplicidade que tornaram Francisco tão querido, ou se seguirá um caminho mais discreto, com foco na reconstrução interna da Igreja.

Seja como for, é simbólico que sua primeira missão internacional seja justamente a realização de um sonho inacabado. Um gesto que mistura fé, memória e continuidade — e que, de certo modo, mostra que, mesmo depois da morte, os desejos de um papa ainda podem ecoar através de outro.



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