Explosão em fábrica do PR: polícia descarta crime, mas aponta problemas na gestão de segurança

Explosão em Fábrica de Explosivos: O Que A Investigação Revelou

Recentemente, um trágico acidente em uma fábrica de explosivos no Paraná resultou em várias vítimas fatais e feridos. De acordo com os dados fornecidos pela polícia, não foram encontrados indícios de crime doloso nem culposo. Isso significa que, até o momento, não se identificou alguém que tenha agido com intenção ou negligência que pudesse ter causado o acidente. No entanto, a investigação revelou uma série de falhas sistêmicas na gestão de riscos da empresa, o que pode ter contribuído para a ocorrência do desastre.

Falhas Sistêmicas na Gestão de Riscos

A delegada Gessica Andrade, que lidera o inquérito, afirmou que a equipe conseguiu identificar várias falhas na estrutura e processos da empresa. “A gente conseguiu apontar algumas falhas na estrutura, no processo e em algumas violações de procedimento de segurança. Mas a gente não conseguiu apontar uma pessoa que tenha sido a causadora dessa explosão”, relatou a delegada. Essa declaração é preocupante, pois indica que, embora não haja um responsável direto, a falta de protocolos adequados pode ter sido um fator decisivo para o acidente.

Investigação Minuciosa

A investigação não se limitou apenas a depoimentos, mas também incluiu a análise de imagens de monitoramento, relatórios técnicos e laudos periciais. Além disso, foram examinadas mensagens de e-mails e conversas corporativas entre os funcionários. O que se descobriu foi alarmante: a unidade 44, onde ocorreu a explosão, estava operando com equipamentos antigos e corroídos, e enfrentava problemas constantes de controle térmico da mistura explosiva.

Condições de Trabalho Perigosas

  • Equipamentos obsoletos e deteriorados.
  • Dificuldades no controle térmico das misturas explosivas.
  • Uso de soluções improvisadas por parte dos trabalhadores.

Depoimentos de trabalhadores também indicaram que o ambiente de trabalho era propenso a improvisações, o que, segundo a delegada, caracteriza um processo de trabalho que “beira o rudimentar”. Essa situação é ainda mais preocupante quando comparada a outras áreas da própria empresa, que podem ter padrões de segurança mais rigorosos.

Consequências Legais e Responsabilidades

Com base nas evidências coletadas, a investigação concluiu que não houve conduta dolosa ou culposa por parte dos funcionários da Enaex Brasil em relação às mortes. Contudo, a lei penal não permite a responsabilização criminal de pessoas jurídicas por homicídio, o que significa que a empresa não poderá ser processada nesse sentido. No entanto, a polícia enfatizou que a empresa poderá ser responsabilizada em áreas trabalhista, cível e administrativa.

Laudo Pericial e Causas da Explosão

O laudo elaborado pela Polícia Científica (PCI-PR) apontou que o epicentro da explosão estava localizado no Edifício 44, onde era produzido um material conhecido como booster, uma mistura de pentolite. As análises indicaram que o acidente foi provavelmente causado por atrito entre as pás do misturador e o pentolite parcialmente solidificado devido às baixas temperaturas daquele dia. O frio intenso, combinado com a falha na estabilização térmica e um ajuste de torque excessivo do equipamento, criou uma situação propensa a iniciar a detonação.

Impacto na Comunidade e Nas Vítimas

A explosão ocorreu por volta das 5h50 da manhã do dia 12 de agosto, em um espaço de 25 metros quadrados onde materiais explosivos estavam sendo preparados para transporte. A empresa funciona 24 horas, o que significa que os trabalhadores estavam na linha de frente no momento do acidente. Ao todo, nove pessoas perderam a vida e sete ficaram feridas. As vítimas, todas funcionárias da empresa, incluem nomes como Camila de Almeida Pinheiro e Cleberson Arruda Correa.

Reflexões Finais

Este incidente trágico levanta questões cruciais sobre a segurança no ambiente de trabalho, especialmente em indústrias que lidam com materiais perigosos. A falta de responsabilidade penal para pessoas jurídicas não deve ser um escudo para a negligência corporativa. É essencial que as empresas implementem práticas de segurança mais rigorosas e que os órgãos reguladores façam um trabalho mais efetivo na fiscalização dessas práticas. O que ocorreu em Enaex deve servir de alerta para toda a indústria.

Se você deseja ficar por dentro de mais informações sobre este e outros assuntos, não hesite em seguir nossos canais de notícia.



Recomendamos