A região centro-sul do Brasil está em alerta máximo por causa da formação de um novo ciclone extratropical que deve ganhar força justamente no feriado do Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, neste sábado (12). O fenômeno, impulsionado por um chamado “rio atmosférico”, pode provocar tempestades bem severas em boa parte do Sul e até em áreas do Centro-Oeste, de acordo com os meteorologistas.
Segundo informações do Meteored, a área entre o litoral do Uruguai e o extremo sul do Brasil costuma ser uma espécie de “berço” natural desses ciclones extratropicais. Isso acontece por conta da combinação explosiva entre ventos fortes em grandes altitudes e o calor úmido acumulado na superfície. Quando esses dois ingredientes se encontram, a pressão atmosférica cai rapidamente — e é aí que o sistema se forma com mais força.
O destaque dessa vez fica para o jato de baixos níveis, também chamado de JBN. Essa corrente de vento, que traz calor e umidade lá da Amazônia, funciona como um verdadeiro rio de ar — por isso o nome “rio atmosférico”. À medida que o ciclone vai se aprofundando, ele acaba “puxando” ainda mais umidade, o que potencializa as tempestades. O resultado: chuvas intensas, ventanias e, em alguns pontos, risco de granizo e queda de energia.
Feriado turbulento
Com a chegada do ciclone justamente no feriado do Dia das Crianças, as condições do tempo devem mudar bastante em várias regiões. A previsão é que as tempestades comecem logo na madrugada de sábado, primeiro na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, e sigam avançando rapidamente para o leste ao longo do dia.
Até o final da manhã, a chuva já deve alcançar o centro-norte gaúcho e avançar para o oeste de Santa Catarina e do Paraná. O modelo meteorológico europeu ECMWF, utilizado pela Meteored, mostra que a metade oeste do Rio Grande do Sul — áreas como a Campanha, Oeste, Centro e Norte — será a mais afetada.
O cenário também preocupa em partes do Centro-Oeste, principalmente no sudoeste e baixo Pantanal do Mato Grosso do Sul. Nessas regiões, a previsão é de tempo instável, com possibilidade de granizo, ventos fortes e grande volume de chuva em poucas horas. O Mato Grosso também deve sentir os efeitos do sistema, especialmente nas áreas mais próximas da divisa com o Paraguai.
Riscos e cuidados
Quando há granizo, é sinal de que as nuvens estão muito desenvolvidas e com forte movimentação vertical — o que aumenta o risco de danos. A população deve ficar atenta, já que o cenário inclui possibilidade de destelhamentos, quedas de árvores, alagamentos repentinos e interrupção no fornecimento de energia elétrica.
No litoral gaúcho, o mar também deve ficar bastante agitado, com ondas altas e risco para embarcações menores. As autoridades já recomendam que os moradores evitem atividades ao ar livre durante o avanço das tempestades e fiquem atentos aos avisos da Defesa Civil de cada estado.
Quem planejava aproveitar o feriado ao ar livre — como parques, festas ou viagens curtas — pode precisar rever os planos. O ideal é acompanhar as atualizações meteorológicas ao longo do dia, já que o sistema pode mudar de intensidade conforme o deslocamento.
Especialistas lembram que esse tipo de ciclone é comum nesta época do ano, com a transição entre o inverno e a primavera. O problema é quando há o “casamento” entre calor intenso e umidade em excesso — exatamente o que está acontecendo agora. E, claro, com o El Niño ainda influenciando o clima de 2025, tudo tende a ficar mais extremo.
No fim das contas, o recado é simples: o feriado promete ser de descanso, mas também de cautela. Se o céu escurecer de repente ou o vento começar a soprar forte, o melhor é se abrigar e esperar passar. Afinal, como bem dizem os meteorologistas, “chuva de primavera é traiçoeira” — e dessa vez, pode vir acompanhada de um ciclone de respeito.
