Desvendando a Pobreza Energética: Um Olhar sobre o Norte e Nordeste do Brasil
Recentemente, um levantamento feito pela Oxfam Brasil trouxe à luz uma questão alarmante: o Pará, o Amapá e o Maranhão estão no topo da lista nacional quando se trata de pobreza energética. Mas, o que isso realmente significa? Não é apenas a falta de eletricidade, mas sim um reflexo de um acesso precário e caro à energia, algo que é fundamental para atender necessidades básicas do dia a dia, como conservar alimentos e manter um certo nível de conforto térmico em nossas casas.
Entendendo o Estudo da Oxfam
O estudo, que leva o título “Encruzilhada Climática – Um Retrato das Desigualdades Brasileiras”, foi divulgado no dia 13 de novembro e destaca as desigualdades socioeconômicas que são mais evidentes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Essas áreas, ricas em recursos naturais, enfrentam uma crise energética que afeta diretamente a vida de milhões de brasileiros.
De acordo com o relatório, a pobreza energética é um claro exemplo de injustiça climática. Ela não se limita apenas à falta de infraestrutura elétrica; envolve também a incapacidade das famílias de arcar com os custos de energia que garantam uma qualidade de vida mínima.
A Paradoxa da Energia no Norte
É curioso notar que, apesar da Região Norte abrigar uma grande quantidade de hidrelétricas, como a famosa Belo Monte e Tucuruí, a população ainda enfrenta altos custos de eletricidade. Isso se agrava especialmente em municípios que estão isolados e desconectados do Sistema Interligado Nacional (SIN). Como resultado, a energia que chega até essas localidades é cara, e muitas vezes os serviços são instáveis.
Por exemplo, um apagão de grandes proporções ocorreu recentemente, afetando toda a energia do país. A origem do problema foi um incêndio em um reator na Subestação de Bateias, no Paraná. Isso mostra como um evento isolado pode ter repercussões em larga escala, evidenciando a fragilidade do sistema.
O Índice Multidimensional de Pobreza Energética
A Oxfam utiliza o Índice Multidimensional de Pobreza Energética para medir a vulnerabilidade das famílias em relação ao acesso à energia. Quanto maior o índice, maior a carência energética. Nesse contexto, os três estados mencionados anteriormente aparecem nas primeiras posições, o que é preocupante.
O relatório também revela que para as famílias que vivem com uma renda de até um salário mínimo, a maior parte da energia consumida é utilizada para conservar alimentos. Isso representa até 39% do consumo total, enquanto apenas cerca de 10% se destina à climatização dos ambientes. Ao contrário, nas faixas de renda mais altas, o uso de energia para refrigeração diminui, e o gasto com climatização aumenta, podendo chegar a 30%.
Impactos na Vida das Famílias
O alto custo da eletricidade em áreas isoladas, aliado à falta de equipamentos eficientes, piora a situação da exclusão energética. As famílias que já estão em situação de vulnerabilidade econômica acabam gastando uma parte significativa de sua renda com energia, o que diminui o orçamento disponível para outras necessidades essenciais, como alimentação e saúde, aumentando assim a insegurança alimentar e a pobreza multidimensional.
Futuro e Esperanças na COP30
A Oxfam também ressalta a importância da COP30, que acontecerá em Belém em novembro de 2025, como um espaço crucial para discutir soluções para as desigualdades climáticas e energéticas. O encontro deverá reunir representantes de vários países para debater como financiar ações que promovam uma transição justa e como fortalecer a adaptação nas regiões mais vulneráveis.
A expectativa é que a COP30 possa ampliar o debate sobre justiça energética, exigindo de países desenvolvidos um compromisso real com o financiamento e a cooperação técnica. O relatório destaca que lidar com a pobreza energética é fundamental para garantir direitos básicos e promover a justiça climática.
Em um contexto como o amazônico, onde a riqueza natural contrasta com a exclusão social, o acesso à energia deve ser uma prioridade para o desenvolvimento sustentável e equitativo. Este assunto, sem dúvida, será um dos pontos centrais das discussões futuras.
Conclusão
Enfrentar a pobreza energética no Brasil é um desafio que exige atenção e ação imediata. A partir do levantamento da Oxfam, fica claro que a energia deve ser acessível, segura e financeiramente viável para todos. É uma questão que vai além do simples fornecimento de eletricidade, é uma questão de dignidade e direitos humanos. Portanto, é crucial que continuemos a discutir e buscar soluções eficazes para esse problema grave que afeta tantas vidas.