Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump devem se encontrar pessoalmente no próximo domingo (26), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, durante o encontro da Asean — a Associação de Nações do Sudeste Asiático. A notícia foi antecipada pela CNN e, segundo fontes dos governos do Brasil e dos Estados Unidos, o encontro já está praticamente confirmado.
Essa reunião vem sendo costurada há algumas semanas, num esforço diplomático silencioso, mas intenso, de ambos os lados. Tudo começou com um rápido cumprimento entre Lula e Trump nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no mês passado. Na ocasião, ninguém imaginava que aquele aperto de mão meio protocolar acabaria abrindo caminho para uma conversa mais aprofundada.
Agora, com os dois confirmados para participar do evento na Ásia, a expectativa é grande. O clima é de curiosidade — e até um pouco de tensão — já que, politicamente, os dois líderes representam polos bem diferentes. Lula, com seu discurso progressista e de aproximação com países do Sul Global, e Trump, com seu estilo mais nacionalista e voltado ao “America First”, prometem um diálogo no mínimo curioso.
Nos bastidores da diplomacia, fontes dizem que a reunião ganhou força após uma nota conjunta divulgada na última quinta-feira (16) pelos governos brasileiro e americano. O comunicado, curto mas cheio de significados, mencionava “conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em andamento”. Além disso, destacou o “interesse mútuo em promover um diálogo direto entre os presidentes”.
Apesar do tom otimista, há quem veja o encontro com certa cautela. Analistas internacionais lembram que Trump, que tenta se reposicionar politicamente nos Estados Unidos, pode usar a reunião como demonstração de influência global, enquanto Lula busca fortalecer a imagem do Brasil como ator importante nas negociações multilaterais.
O chanceler Mauro Vieira comentou, após encontros recentes com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer, que Washington mostrou “disposição para trabalhar em conjunto e definir uma agenda bilateral voltada ao comércio”. A frase pode parecer burocrática, mas no meio diplomático ela soa como um sinal verde para novas negociações.
Fontes ligadas ao Itamaraty disseram que o principal tema da conversa entre Lula e Trump deve ser o comércio de commodities e a questão ambiental, assunto sempre sensível entre os dois países. O Brasil tenta há meses convencer os Estados Unidos a ampliar acordos envolvendo biocombustíveis e tecnologia limpa — algo que, curiosamente, também interessa a Trump por razões econômicas internas.
Além disso, é provável que falem sobre a guerra comercial entre China e EUA, que vem afetando as exportações brasileiras. Há quem diga que Lula tentará se posicionar como uma espécie de “ponte diplomática” entre Washington e Pequim, papel que o presidente brasileiro já vem ensaiando desde sua visita à China em 2023.
Outro ponto importante é que a presença de Trump no encontro da Asean é, por si só, algo incomum. Os Estados Unidos normalmente enviam representantes diplomáticos, e não o próprio ex-presidente. Isso levanta suspeitas de que Trump pretende marcar território internacionalmente, especialmente com as eleições americanas de 2026 se aproximando.
Entre risadas e comentários nos corredores, diplomatas estrangeiros já apelidaram o futuro encontro de “o aperto de mão mais improvável do ano”. Lula e Trump juntos numa sala, debatendo comércio e meio ambiente, soa quase como um roteiro de filme político — daqueles cheios de ironia.
Seja como for, o mundo estará de olho nesse domingo. A reunião entre os dois líderes pode não mudar o rumo da política global, mas certamente vai render manchetes, análises e, quem sabe, alguma surpresa de bastidor.