Um menino de apenas 12 anos, chamado Oliver Gorman, perdeu a vida depois de inalar desodorante enquanto participava de um suposto desafio conhecido como “Chroming”, segundo informações das autoridades britânicas. O caso aconteceu em Hyde, Tameside, região de Greater Manchester, na Inglaterra.
Oliver foi encontrado desacordado pela própria mãe, Claire Gillespie, em casa. A mulher contou que os dois tinham acabado de voltar de férias e que o garoto estava cansado, então foi descansar no quarto. Cerca de uma hora depois, ela estranhou o silêncio e foi até o cômodo — mas, ao tentar acordá-lo, percebeu que ele não reagia.
Desesperada, Claire chamou ajuda. O menino ainda foi levado ao hospital, mas infelizmente não voltou a acordar. A morte foi confirmada pouco depois. No quarto, segundo o relato, havia vários frascos de desodorante e outros aerossóis espalhados pelo chão, o que levantou as primeiras suspeitas sobre a causa da tragédia.
O inquérito conduzido pelo Tribunal do Legista de South Manchester confirmou depois que Oliver morreu por inalação de butano, substância presente em muitos produtos em spray.
Sinais de sofrimento e bullying
Durante a investigação, um dos policiais mencionou que Oliver poderia estar sofrendo bullying, inclusive com ofensas sobre sua aparência. O pai contou que o garoto vinha enfrentando dificuldades na escola e que, por isso, tinha se tornado mais fechado, mais na dele.
A direção da escola Denton Community Academy, onde o menino estudava, afirmou que nunca recebeu denúncias formais e que não havia encontrado nenhuma prova de que o garoto estivesse sendo alvo de assédio. O diretor, Donald Cumming, disse que, caso algo tivesse sido reportado, a escola teria agido “imediatamente”, conforme declarou ao jornal britânico The Sun.
O perigo do “Chroming”
O inspetor-detetive Ian Parker, que acompanhou o caso, afirmou que não foi possível acessar o celular de Oliver para confirmar se ele realmente participou de algum desafio nas redes. Mesmo assim, Parker destacou a preocupação com o “Chroming”, uma prática que tem circulado em plataformas como o TikTok, onde jovens são encorajados a inalar aerossóis por diversão ou curiosidade.
“Ouvi falar disso pelo TikTok. Aparentemente, algumas pessoas fazem esse tipo de coisa e compartilham vídeos mostrando a prática, o que é extremamente perigoso”, disse o inspetor.
A mãe de Oliver afirmou não ter ideia de que esse tipo de conteúdo existia online e disse não saber se o filho usava TikTok com frequência. A família também descartou qualquer hipótese de suicídio.
O legista assistente Andrew Bridgman confirmou essa linha de investigação e declarou que não havia sinais de que o menino tivesse inalado o produto com intenção de tirar a própria vida.
Um alerta doloroso
O caso de Oliver serve como um alerta trágico sobre os riscos de desafios perigosos nas redes sociais, especialmente entre adolescentes e crianças curiosas, que muitas vezes não entendem as consequências de certas brincadeiras.
Nos últimos meses, desafios como esse têm voltado a circular, mesmo após campanhas de conscientização sobre o uso indevido de sprays e substâncias químicas. Especialistas têm reforçado que pais e responsáveis precisam ficar atentos aos conteúdos que os jovens consomem online — algo que, para muitas famílias, ainda é um terreno desconhecido.
Enquanto a comunidade local tenta lidar com a perda, a mãe de Oliver segue tentando transformar sua dor em conscientização. “Se isso puder salvar outra criança, então a história do meu filho não será em vão”, teria dito ela em uma das audiências.
O episódio, triste e revoltante, mostra o quanto a internet pode ser perigosa quando se mistura curiosidade, desinformação e a busca por aceitação entre jovens.