O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a causar barulho nas redes sociais após reagir a uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que deu o que falar. Durante uma agenda oficial na Indonésia, nesta sexta-feira (24/10), Lula afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários também”. A declaração caiu como uma bomba — principalmente entre parlamentares da direita, que não perderam tempo em criticar o petista.
Nikolas, sempre rápido no gatilho quando o assunto é Lula, ironizou a fala em sua conta no X (antigo Twitter):
“Lula acaba de anunciar que traficantes são vítimas dos usuários. No ritmo que vai, daqui a pouco o PCC vira ONG.”
A frase, com tom de deboche, viralizou em poucos minutos e reacendeu o embate entre bolsonaristas e petistas. Nas redes, os comentários se dividiram: de um lado, quem achou que Lula quis dar um tom “humanista” à fala; de outro, quem enxergou mais um sinal de “passa pano” para criminosos.
O presidente, durante o discurso, disse exatamente o seguinte:
“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente, os usuários. Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também.”
A fala, embora pareça tentar discutir o problema sob outro ponto de vista, foi vista por muitos como uma tentativa de relativizar o tráfico. Para os críticos, é mais um exemplo do discurso “confuso” e “descolado da realidade” do atual governo.
Nikolas, por sua vez, surfou na onda de repercussão. O deputado tem usado com frequência as redes para bater em Lula e no PT — e com isso mantém sua base fiel sempre engajada. O estilo direto, sem filtro e com doses de ironia, agrada a parcela conservadora da internet.
Mas a polêmica não parou por aí. Outros nomes da direita, como Carla Zambelli, Gustavo Gayer e até Eduardo Bolsonaro, também entraram na discussão, reforçando o coro contra o presidente. Muitos associaram a fala de Lula à velha acusação de que o PT teria uma relação “conivente” com o crime organizado — algo que, claro, o partido nega veementemente.
Curiosamente, o próprio Nikolas teve seu nome envolvido em uma controvérsia parecida há pouco tempo. Um vídeo sobre o uso de Pix acabou ligando, de forma indireta, o deputado à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) — o que gerou muita especulação. O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, chegou a comentar o caso dizendo que a onda de fake news dificultou o avanço da fiscalização sobre fintechs no começo do ano, fazendo referência justamente ao conteúdo compartilhado por Nikolas.
Apesar das críticas, o deputado parece não se abalar. Pelo contrário, ele costuma transformar essas polêmicas em combustível para reforçar sua imagem de “opositor raiz” ao governo Lula. Em entrevistas recentes, Nikolas tem dito que “o Brasil precisa acordar” e que “a esquerda vive num mundo paralelo”.
Nas ruas e nas redes, o tema continua dividindo opiniões. Há quem defenda que Lula tentou fazer uma reflexão sobre o ciclo do tráfico, apontando que o consumo interno alimenta o problema. Outros, porém, acham que o presidente errou ao usar a palavra vítima, porque isso gera uma confusão moral perigosa.
Enquanto o governo tenta lidar com a repercussão da fala, Nikolas segue firme no seu papel de desafiar o Planalto — e, convenhamos, ele sabe muito bem como transformar qualquer declaração em manchete.
No fim das contas, o embate entre Lula e Nikolas é mais um capítulo da eterna novela política brasileira, onde cada frase vira munição e cada postagem vira guerra.