Alexandre de Moraes nega pedido de Bolsonaro e causa revolta nas redes sociais

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a negar, mais uma vez, o pedido feito pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para receber o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). Essa tentativa de visita já havia sido feita anteriormente, mas o magistrado manteve a decisão de barrar o encontro. A nova negativa foi publicada nesta quarta-feira (30), praticamente repetindo os argumentos apresentados na decisão de agosto.

Na época, Moraes explicou que Gayer é investigado em um inquérito que tem ligação direta com o caso principal — aquele que apura a suposta trama golpista de 2022, quando Bolsonaro e aliados teriam tentado colocar em dúvida o resultado das eleições presidenciais. Ou seja, o deputado está entre os nomes sob investigação por possíveis conexões com as ações que teriam buscado deslegitimar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

“Em face da medida cautelar imposta ao custodiado Jair Messias Bolsonaro pela decisão de 17 de julho de 2025, consistente em proibição de comunicar-se com réus ou investigados em ações penais ou inquéritos conexos, inclusive por meio de terceiros, indefiro a autorização de visita para Gustavo Gayer Machado de Araújo, uma vez que é investigado na PET 12.042/DF”, registrou Moraes no despacho.

Essa medida é uma das principais condições impostas ao ex-presidente desde que ele passou à condição de preso domiciliar, em 4 de agosto. A decisão veio após Bolsonaro desrespeitar determinações judiciais relacionadas ao inquérito sobre os atos que, segundo as investigações, atentaram contra a soberania nacional. Desde então, ele está proibido de manter qualquer tipo de contato — direto ou indireto — com outros investigados em casos conexos.

Mesmo com a negativa para Gayer, Moraes tem permitido algumas visitas selecionadas. O despacho liberou, por exemplo, a entrada dos deputados Altineu Côrtes (PL-RJ) e Alberto Fraga (PL-DF), ambos velhos aliados do ex-presidente. Eles poderão visitá-lo nos dias 3 e 4 de novembro, respectivamente.

Além dos parlamentares, o ministro também autorizou a presença de Nelson Piquet, ex-piloto de Fórmula 1 e apoiador de longa data de Bolsonaro, marcada para o dia 5 de novembro. No dia seguinte, 6 de novembro, quem poderá visitar o ex-presidente é o jornalista Alexandre Paulovich Pittoli.

Essas visitas seguem um protocolo bem rígido. Toda a agenda precisa ser informada previamente, registrada e monitorada pela Polícia Federal. Desde o início da prisão domiciliar, a PF tem acompanhado de perto a rotina de Bolsonaro, com monitoramento constante, inclusive de suas comunicações virtuais e presenciais.

O caso, que segue repercutindo nas redes e nos bastidores políticos de Brasília, voltou a colocar em foco a relação entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes — marcada por uma tensão que já dura anos. A negativa a Gayer foi lida por aliados do ex-presidente como mais um sinal de que o ministro não pretende afrouxar as medidas impostas, mesmo diante da pressão política e das manifestações de apoio a Bolsonaro.

Enquanto isso, nas redes, Gayer demonstrou insatisfação com a decisão e disse que continuará tentando reverter a proibição. O deputado tem sido uma das vozes mais ativas na defesa de Bolsonaro, participando frequentemente de transmissões e eventos voltados ao público conservador.

A situação reforça o clima de isolamento que o ex-presidente vem enfrentando desde que foi colocado em prisão domiciliar. Mesmo com algumas visitas liberadas, as restrições continuam duras, e qualquer deslize pode resultar em medidas mais severas. Moraes já deixou claro, em decisões anteriores, que não há espaço para “brechas” nesse tipo de caso.

O cenário, portanto, segue tenso — com Bolsonaro limitado, Gayer barrado e o Supremo firme na postura de manter as investigações em andamento sem flexibilizações. Tudo indica que essa novela política e judicial ainda vai render muitos capítulos até o fim de 2025.



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