Atitude de Japinha do CV em outra operação da polícia chama a atenção: ‘Fingiu’

Japinha do CV, figura já conhecida nas comunidades do Rio de Janeiro, foi uma das pessoas mortas durante a megaoperação das forças de segurança realizada nesta semana nos Complexos do Alemão e da Penha. O nome dela, que circulava há tempos nos bastidores do tráfico, já vinha sendo mencionado como alguém de confiança e influência dentro da facção. Segundo o jornalista Carlos Carone, ela não era apenas uma participante ocasional dos confrontos, mas alguém que tinha presença ativa nas ações contra a polícia.

Em uma reportagem publicada no portal Metrópoles, com o título “Japinha do CV fingiu estar morta em operação anterior”, Carone revelou um episódio curioso e, ao mesmo tempo, perturbador. Em um vídeo antigo, que voltou a circular nas redes, a jovem aparece viva, rindo e conversando com um amigo. No registro, ela cobra uma dívida de R$ 2 mil, e o rapaz, visivelmente surpreso, diz ter acreditado na história de que ela havia morrido. “Deixa assim, continua dizendo que morri”, ela responde, pedindo sigilo — como quem aproveitava o próprio “fantasma” pra se esconder da polícia e dos rivais.

Com a nova operação no Alemão, que terminou com dezenas de mortos, a história de Japinha voltou à tona. A confirmação da sua morte foi seguida por uma enxurrada de perfis falsos nas redes sociais, todos tentando se passar por ela. Em algumas dessas contas, publicações diziam que ela ainda estaria viva, o que aumentou a confusão e as teorias que já tomavam conta dos comentários online. A coisa ficou tão séria que, na última sexta-feira (31), a Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou oficialmente a primeira lista com os nomes dos mortos — e, pra surpresa de muitos, o nome de Japinha não aparecia ali.

Foram 99 mortos confirmados nessa primeira etapa da apuração. Segundo a polícia, quase metade dessas pessoas tinham mandados de prisão em aberto ou eram consideradas foragidas. O número, por si só, já gerou um debate intenso sobre o tamanho e o impacto da operação, que foi uma das maiores realizadas no estado nos últimos tempos.

Mas, afinal, quem era essa tal Japinha do CV? De acordo com investigações, ela tinha um papel importante na hierarquia da facção. Era responsável por proteger criminosos durante fugas, organizava rotas seguras dentro das comunidades e, em muitas ocasiões, estava na linha de frente dos tiroteios com a polícia. Também ajudava no transporte e na distribuição de drogas, mantendo a operação ativa mesmo em momentos de confronto intenso.

Fontes ligadas à investigação afirmam que ela era considerada “valente”, expressão usada entre os próprios integrantes do tráfico pra descrever quem não recua em troca de tiros. O corpo de Japinha foi encontrado em um dos acessos à comunidade, trajando roupas camufladas, colete tático e portando uma arma de grosso calibre. Segundo o laudo preliminar, ela foi atingida na cabeça por um disparo de fuzil, depois de ter reagido à abordagem dos agentes.

A operação, que segue repercutindo, levantou novamente o debate sobre o ciclo de violência que domina essas regiões do Rio. De um lado, a polícia tenta justificar a ação como uma resposta ao avanço do crime organizado; do outro, familiares e moradores denunciam o excesso de força e a falta de alternativas sociais. No meio de tudo isso, nomes como o de Japinha acabam se transformando em símbolo — de poder, medo e, ao mesmo tempo, da tragédia que se repete há décadas nas favelas cariocas.

Entre boatos, vídeos antigos e perfis falsos, o fato é que a história de Japinha do CV terminou de forma trágica, mas cercada de mistério. Mesmo morta, ela continua sendo comentada nas redes, lembrada como uma personagem de um enredo que mistura violência, sobrevivência e a dura realidade das comunidades do Rio em 2025.



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