Perigoso, silencioso e traiçoeiro — o câncer de pâncreas é um dos tipos mais agressivos e letais que existem. No Brasil, ele é responsável por cerca de 5% das mortes por câncer, segundo dados recentes do Ministério da Saúde. O problema é que, na maioria das vezes, a doença se desenvolve de forma quase invisível, sem sintomas claros, o que acaba atrasando o diagnóstico. Quando o paciente finalmente descobre, o tumor já está em estágio avançado, e as chances de cura são bem menores.
Quando o diagnóstico vem cedo, tudo muda
De acordo com o programa SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, quem é diagnosticado logo no início tem cerca de 43,9% de chance de sobreviver por cinco anos. Mas quando o câncer é descoberto tarde demais, esse número despenca para menos de 5%. É assustador, mas também mostra o quanto um diagnóstico precoce pode fazer diferença. Aqui no Brasil, especialistas vêm batendo nessa tecla — quanto antes identificar o problema, maiores as chances de tratar com sucesso.
Os sinais que o corpo dá (e muita gente ignora)
Os primeiros sintomas são tão sutis que muitas vezes passam despercebidos. Entre os principais sinais de alerta estão:
- Icterícia (pele e olhos amarelados);
- Coceira insistente;
- Fraqueza constante;
- Perda de peso sem explicação;
- Falta de apetite;
- Dor abdominal ou nas costas;
- Urina escura;
- Náuseas frequentes.
A icterícia, em especial, aparece em cerca de 75% dos casos de tumores localizados na cabeça do pâncreas. Ela surge quando o tumor bloqueia o ducto biliar, impedindo a passagem da bile e acumulando bilirrubina no sangue — o que causa aquela coloração amarelada. Um estudo publicado no Official Journal of the International Hepato Pancreato Biliary Association mostrou que essa obstrução pode até incentivar o crescimento do tumor e aumentar o risco de metástases no fígado.
Fatores de risco: genética conta, mas o estilo de vida pesa mais
Cerca de 10% a 15% dos casos têm origem hereditária, ou seja, passam de geração em geração. Porém, na grande maioria, o câncer de pâncreas está ligado a fatores que a gente pode controlar — e aí entra o estilo de vida. O tabagismo, o sobrepeso, a obesidade, o diabetes e a pancreatite crônica estão entre os principais vilões.
Além disso, quem trabalha exposto a substâncias químicas, como pesticidas, solventes e cloreto de vinila, também corre mais risco. É o caso de profissionais da indústria química, da agricultura e do setor petrolífero, que lidam com esses produtos diariamente.
Diagnóstico e tratamento: uma corrida contra o tempo
Detectar o câncer de pâncreas ainda é um grande desafio. Normalmente, o diagnóstico é feito por meio de tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ultrassonografia. Em casos mais específicos, o médico solicita uma biópsia, que confirma o tipo do tumor.
Nos estágios iniciais, a cirurgia é a melhor aposta — ela permite remover o tumor e dá chances reais de cura. Já quando a doença está mais avançada, o foco muda: o tratamento passa a ser voltado para controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Nesse ponto, entram a quimioterapia, a radioterapia e, em alguns casos, a imunoterapia, que ajudam a retardar o avanço da doença.
Hoje, inclusive, muitos hospitais brasileiros têm investido em tecnologias de diagnóstico por imagem mais precisas e ensaios clínicos com novas drogas. Com os avanços recentes na medicina e o aumento da conscientização sobre exames preventivos, há uma luz no fim do túnel — ainda que o caminho seja longo.
O recado é claro: não ignore sinais estranhos do corpo. Um exame de rotina pode salvar uma vida — e quando se trata do pâncreas, cada semana faz diferença.