A polonesa Julia Wandelt, de 24 anos, voltou a virar assunto depois que a Justiça britânica decidiu condená-la por assediar a família de Madeleine McCann, a menina que desapareceu em 2007 e até hoje é um dos maiores mistérios da Europa. O julgamento durou quatro semanas e terminou com a sentença sendo lida no Tribunal da Coroa de Leicester, na Inglaterra. Apesar da condenação por assédio, Julia acabou absolvida da acusação de perseguição — o que, segundo especialistas locais, já era esperado pelo comportamento instável dela durante todo o processo.
De acordo com o tribunal, Julia manteve uma espécie de campanha obsessiva entre junho de 2022 e fevereiro deste ano. Ela mandava mensagens, fazia ligações e até chegou a ir até a casa dos pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, mesmo depois de a polícia ter determinado que ela se mantivesse longe da família. Uma segunda mulher, identificada como Karen Spragg, que também estava sendo investigada no caso, foi considerada inocente.
Julia nasceu três anos depois do desaparecimento de Madeleine, mas mesmo assim dizia acreditar que era a própria menina desaparecida. A história, claro, viralizou nas redes e foi parar até em programas de TV nos Estados Unidos. “Acredito que sou Madeleine McCann”, chegou a dizer ela em uma entrevista, que rodou o mundo no começo de 2023.
Durante o julgamento, a defesa tentou convencer o júri de que Julia sofria de sérios problemas de saúde mental e havia sido vítima de abuso dentro da própria família. No depoimento, a jovem negou qualquer tentativa de buscar fama ou dinheiro e disse que não queria, em momento algum, causar dor aos pais da verdadeira Madeleine. “Eu só queria saber quem eu sou”, teria dito à imprensa britânica na época.
Mas o resultado dos testes de DNA, realizados pela polícia britânica no início deste ano, acabou com qualquer dúvida: Julia não tem nenhuma ligação genética com Madeleine McCann. O laudo foi definitivo, desmontando toda a narrativa que ela vinha sustentando há meses.
Antes disso, no auge da repercussão, Julia havia conquistado meio milhão de seguidores nas redes sociais com o perfil @iammadeleinemccan, onde publicava fotos comparando suas feições com as da menina desaparecida. O detalhe que mais chamava atenção era uma marca na íris do olho direito, igual à que Madeleine tinha, o que acabou alimentando ainda mais as teorias.
Os pais da menina, Kate e Gerry, prestaram depoimento emocionado ao tribunal. Eles contaram sobre o impacto psicológico que sofreram ao reviver o trauma do desaparecimento da filha e ainda precisarem lidar com uma desconhecida afirmando ser Madeleine. Segundo amigos próximos, o casal já vive com o coração machucado há 18 anos e, mesmo assim, mantém esperança de algum dia descobrir o que realmente aconteceu.
O desaparecimento de Madeleine McCann aconteceu em maio de 2007, quando ela tinha apenas três aninhos, durante férias da família em Praia da Luz, no Algarve, em Portugal. Desde então, o caso continua aberto e é considerado um dos mais caros e complexos da história policial do Reino Unido.
Apesar de toda a confusão, o episódio envolvendo Julia Wandelt serviu pra lembrar o quanto esse mistério ainda mexe com as pessoas — e o quanto as redes sociais podem dar palco pra histórias perigosamente falsas. No fim, o veredito da Justiça não só colocou um ponto final nessa polêmica, como também reforçou o quanto o caso de Madeleine continua, até hoje, cercado de dor, dúvida e esperança.