A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou, nesta quarta-feira (12), com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar uma visita do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), ao ex-chefe do Executivo. O requerimento foi encaminhado diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, e os advogados pedem que o encontro seja autorizado “o mais breve possível”.
Bolsonaro está em prisão domiciliar desde agosto, cumprindo as determinações da Corte em meio às investigações que ainda correm contra ele. O pedido da defesa destaca que o encontro tem caráter “pessoal e específico”, e que seria necessário para uma conversa direta entre o governador e o ex-presidente.
— O pedido tem por finalidade permitir encontro pessoal específico, a ser realizado em data oportunamente ajustada, preferencialmente na data mais breve possível, em razão da necessidade de diálogo direto com o Peticionante — diz um trecho do documento enviado ao STF.
A movimentação ocorre num momento delicado, tanto para Bolsonaro quanto para Castro. O governador do Rio tem enfrentado pressões após uma das maiores operações policiais da história recente do estado, realizada no fim do mês passado. A ação, que mirou a facção Comando Vermelho, terminou com mais de 120 mortos, segundo balanços oficiais, e reacendeu o debate sobre a violência e o papel da polícia nas comunidades fluminenses.
Nos bastidores, aliados de Bolsonaro enxergam o pedido como uma tentativa de reaproximação política entre os dois. Apesar de pertencerem ao mesmo partido, as relações entre eles vinham mornas desde o início do ano. Castro tem buscado manter uma postura mais institucional, enquanto Bolsonaro tenta manter influência no cenário político, mesmo limitado pelas condições de sua prisão domiciliar.
Fontes próximas ao ex-presidente afirmam que ele tem acompanhado de perto a repercussão da operação no Rio e que pretende discutir com o governador questões relacionadas à segurança pública e ao fortalecimento da base conservadora no estado. Há quem diga que o ex-mandatário também deseja manifestar apoio político a Castro, que se tornou uma das principais figuras do PL no Sudeste.
O pedido ao STF ainda não foi analisado por Moraes. Caso seja aprovado, a visita deverá ocorrer sob regras específicas, como controle de horário, duração e restrições quanto ao conteúdo da conversa — medidas que normalmente são aplicadas em situações de prisão domiciliar.
Vale lembrar que essa não é a primeira solicitação do tipo feita pela defesa de Bolsonaro. Desde que foi colocado em regime domiciliar, o ex-presidente já recebeu visitas de familiares, advogados e alguns parlamentares aliados, mas encontros com autoridades públicas, como governadores ou ministros, dependem de autorização judicial prévia.
A situação de Bolsonaro continua sendo um dos assuntos mais comentados na política nacional. O ex-presidente, que ainda figura como uma das principais lideranças da direita, tenta manter sua base mobilizada por meio de comunicados e mensagens enviadas a aliados. Enquanto isso, o PL se prepara para as eleições municipais de 2024, apostando na força do bolsonarismo em grandes capitais, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A possível visita de Cláudio Castro, portanto, não seria apenas um gesto de solidariedade, mas também um movimento estratégico. Num cenário político cada vez mais polarizado, a aproximação entre os dois pode sinalizar a tentativa de reconstruir alianças e garantir fôlego à direita num momento de desgaste interno.
Agora, resta saber se Alexandre de Moraes vai autorizar o encontro — e, se autorizar, o que sairá dessa conversa entre o governador do estado mais violento do país e o ex-presidente que ainda tenta provar sua força fora do Planalto.
