COP30: cientistas pressionam governo para frear colapso climático

COP30: O Clamor da Ciência e a Urgência das Mudanças Climáticas

A segunda semana de negociações da COP30 deu início a um importante capítulo nas discussões sobre mudanças climáticas. Essa fase da conferência foi marcada por um alerta impactante da comunidade científica brasileira. Durante a abertura oficial, o vice-presidente Geraldo Alckmin recebeu uma carta que foi assinada por um grupo variado de pessoas, incluindo pesquisadores, ativistas, líderes indígenas, e figuras políticas e empresariais.

O documento, que foi entregue pelo renomado climatologista Carlos Nobre, delineia o que a comunidade científica considera um roteiro claro e necessário para eliminar gradualmente a dependência de combustíveis fósseis, além de proteger ecossistemas tropicais que estão sob intensa pressão devido às mudanças climáticas. Nobre enfatizou que o objetivo é que esse importante material chegue a todos os negociadores da COP. “Nós vamos entregar a todos os delegados e esperamos que eles compreendam a emergência climática que estamos enfrentando”, afirmou.

Amazônia e Recifes de Corais: Focos de Preocupação Global

Embora a carta tenha um foco especial na Amazônia e nos recifes de corais, a mensagem é clara: a ameaça das mudanças climáticas é global. Nobre destacou que, apesar de ressaltar esses dois ecossistemas, existem muitas outras áreas ao redor do mundo que também estão sob risco. “Destacamos esses dois ecossistemas, mas a responsabilidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa é muito maior”, completou.

Um dos pontos mais alarmantes abordados na carta é a situação da Amazônia, que enfrentou, nos últimos dois anos, uma das piores secas já registradas. Essa estiagem foi amplificada pelas mudanças climáticas provocadas pela ação humana, e estudos recentes mostram que a probabilidade de secas como essa se tornarem comuns aumentou em até 30 vezes devido ao aquecimento global. Além disso, a região teve mais de 140 mil incêndios florestais recentemente, o maior número em quase 20 anos. Os cientistas alertam que essa combinação de fatores pode levar a floresta a um ponto de mudança irreversível.

Urgência das Transformações Necessárias

Ao discutir a urgência das mudanças necessárias, Nobre defendeu que a COP30 deve ser o ponto de partida de um esforço mais coordenado e amplo. “Precisamos que os negociadores entendam que a COP deve buscar todas as soluções possíveis”, disse. Outro aspecto crítico destacado na carta é o estado dos recifes de corais tropicais, que se encontram em uma situação crítica, muito próximo de um ponto de não retorno. O aumento da temperatura das águas e a acidificação dos oceanos, ambos provocados pelas emissões humanas, estão dizimando habitats marinhos essenciais.

Nobre reforçou que é não só possível, mas necessário, reduzir rapidamente o uso de combustíveis fósseis. “Atualmente, cerca de 75% das emissões vêm da queima de combustíveis fósseis, e neste ano atingimos um pico histórico de gases de efeito estufa. É hora de começarmos a reduzir essas emissões de forma rápida e contundente”, destacou.

Transição Energética e Limites Climáticos

O cientista também fez um alerta sobre o risco de ultrapassarmos limites climáticos perigosos. “Para evitar que a temperatura global ultrapasse 1,7 °C — já sabemos que 1,5 °C será superado —, precisamos acelerar drasticamente a redução das emissões”, enfatizou. O documento entregue a Alckmin pede que a COP30 promova um esforço global para proteger a vida em todas as suas formas e mantenha viva a meta de limitar o aquecimento global.

Os autores da carta acreditam que a conferência de Belém deve ser um marco em que as advertências científicas se transformem em ações concretas. A mensagem é clara: é hora de agir, e a COP30 pode ser a oportunidade de ouro para isso.



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