COP30: Marcha Indígena pelo Clima leva milhares às ruas de Belém

Marcha Global Indígena pelo Clima: Uma Voz Poderosa em Belém

No dia 17 de julho, Belém do Pará se transformou em um grande palco de resistência e luta, com a realização da Marcha Global Indígena pelo Clima. Este evento, que atraiu milhares de pessoas às ruas, se destacou como o maior ato dos povos originários durante a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A mensagem central do protesto ecoou forte: “Não existe justiça climática sem os povos e sem os territórios indígenas”. Essa afirmação resume o espírito da marcha, que teve como objetivo chamar a atenção para a importância dos direitos dos povos indígenas no contexto das mudanças climáticas.

A Aldeia COP e a Presença Indígena

A marcha teve início na Aldeia COP, um espaço montado no Colégio Aplicação da Universidade Federal do Pará, que abriga cerca de 3 mil indígenas durante as duas semanas da Conferência do Clima. Este local se tornou um ponto de encontro para o fortalecimento da identidade cultural e para a luta por direitos. Célia Alves, uma representante do povo Terena e pesquisadora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, esteve presente para defender a educação indígena. Segundo ela, “Esse curso transforma nossas culturas cada vez mais. É pouco conhecido, mas que tem uma força muito grande. Educação no campo não é só nas comunidades, é também dentro das universidades. Temos que mostrar quem somos nós, onde nós estivermos. O espaço na universidade tem que ser um espaço de resistência para todos nós”.

Desafios e Lutas Cotidianas

O jovem Davi Tupaiú, de apenas 18 anos e morador do baixo Rio Tapajós, também fez questão de se manifestar. Ele veio a Belém para protestar contra os projetos que ameaçam o seu rio, que já está secando devido às intervenções de não-indígenas. Davi relatou que “Já tem territórios no Baixo Tapajós que são invadidos por garimpeiros, madeireiros, sojeiros. Isso está destruindo, acabando com a gente e com o rio. Hoje, o rio já está contaminado com mercúrio”. Essa realidade é um reflexo de um problema maior, onde a luta pela preservação dos recursos naturais está diretamente ligada à sobrevivência dos povos indígenas.

A Participação da Ministra Sônia Guajajara

A marcha também contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que reforçou a importância da união entre os povos na luta por seus direitos. Jedenilson Alves, da etnia Borari, foi um dos que se destacou durante a manifestação, carregando um grande boneco de cobra com aproximadamente trinta metros de comprimento. Ele explicou que “Para mostrar que a gente está aqui e defendemos a floresta. E cobramos para que os financiamentos cheguem direto para as aldeias”. Este ato simbólico expressou a resistência e a determinação dos povos indígenas em proteger suas terras e culturas.

Um Encontro de Culturas e Lutas

Durante a marcha, centenas de pessoas da etnia Yukpa, da Venezuela, também se juntaram ao protesto, levando consigo a experiência da luta indígena latino-americana e mundial. A diversidade de vozes e histórias presentes na marcha reforçou a ideia de que a luta por justiça climática é uma causa coletiva, que transcende fronteiras e culturas.

Conclusão: A Importância da Mobilização

O evento em Belém não foi apenas uma manifestação, mas uma afirmação da identidade e direitos dos povos indígenas. Enquanto a COP30 avança, é fundamental que a voz dos povos originários continue a ser ouvida e respeitada. A luta por justiça climática e pela preservação do meio ambiente está entrelaçada com a luta pelos direitos humanos. Portanto, é essencial que todos nós estejamos atentos e engajados nessa causa. Que possamos nos unir para garantir que as vozes indígenas sejam sempre ouvidas, e que as promessas de justiça e respeito sejam cumpridas.



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