A tarde de domingo (30) terminou de forma trágica na Cidade de Deus, na Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. A adolescente Adrielle Malaquias Messias, de apenas 17 anos, foi baleada e não resistiu aos ferimentos. Ela chegou a ser socorrida por moradores e levada primeiro para a UPA da comunidade, depois transferida para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Mesmo com toda a correria e a tentativa de salvar sua vida, os médicos confirmaram a morte horas depois. A notícia se espalhou rápido pelas redes e grupos de WhatsApp, deixando muita gente em choque.
Segundo relatos da família, Adrielle vivia um momento de reconstrução pessoal. Ela tinha encerrado o relacionamento com o ex-companheiro recentemente, mas o jovem — que não teve o nome divulgado pelas autoridades — não aceitava o fim de jeito nenhum. Mesmo sabendo que a adolescente já estava se relacionando com outra pessoa, ele continuava insistindo, rondando a casa da família e enviando mensagens que deixavam todo mundo preocupado.
Parentes contaram que o namoro durou cerca de um ano, tempo suficiente para que a convivência revelasse uma face agressiva do suspeito. De acordo com eles, ele costumava ser explosivo, violento e fazia ameaças constantes. Em alguns momentos, a família tentou intervir, mas como acontece em muitos casos de violência contra jovens, Adrielle acabou tentando resolver sozinha. Infelizmente, a situação escalou rápido demais.
Nos últimos dias, ainda segundo familiares, o ex vinha seguindo a adolescente, aparecendo de surpresa em locais que ela frequentava e repetindo a frase que hoje dói ouvir: “Eu vou fazer alguma coisa com ela”. Um comportamento que lembra tantos outros casos de feminicídio no país, tema que voltou ao debate público recentemente depois de vários episódios de violência expostos na mídia.
O que mais revoltou os parentes foi o detalhe descrito sobre o dia do crime. O suspeito teria usado uma criança para atrair Adrielle até o local onde estava escondido. Uma estratégia cruel, que mostra frieza e planejamento. Quando a jovem se aproximou, acreditando que nada demais aconteceria, foi atingida por cinco tiros. Moradores ainda tentaram ajudar, chamaram socorro e fizeram o que deu, mas o ataque foi rápido e certeiro. O atirador fugiu imediatamente, sem deixar rastros.
A Delegacia de Homicídios da Capital assumiu a investigação e já está ouvindo familiares, testemunhas e analisando câmeras da região. A polícia não descarta nenhuma linha de apuração, mas tudo indica que o crime foi motivado pela não aceitação do fim do relacionamento — um cenário infelizmente comum em casos que envolvem adolescentes e jovens mulheres. O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado este ano, mostra que a violência doméstica continua avançando entre jovens de 15 a 19 anos, o que reacende o alerta sobre a necessidade de políticas de proteção.
Adrielle era descrita como uma menina alegre, vaidosa, que gostava de fazer vídeos para o TikTok e sonhava em trabalhar como manicure. A família está devastada e tentando entender como uma história de amor juvenil se transformou em uma tragédia tão brutal. A dor tomou conta da comunidade, que já convive diariamente com tiroteios e situações de risco, mas que ainda assim não se acostuma com a perda de uma vida tão jovem.
O caso, agora, segue nas mãos da polícia. Enquanto isso, amigos e parentes se mobilizam nas redes pedindo justiça — uma palavra repetida muitas vezes, mas que nem sempre encontra resposta rápida. Para quem convivia com Adrielle, resta a saudade e a sensação amarga de que tudo poderia ter sido evitado.