Quem é Daniel Zezza? O homem trans que roubou a cena ao assumir noivado com Erika Hilton

O sábado (29) terminou com um daqueles momentos que fazem a internet derreter de emoção. O fotógrafo Daniel Zezza pediu a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) em noivado, num clima de surpresa pensado nos mínimos detalhes. O casal, que está junto desde 2023, compartilhou o instante nas redes sociais, e bastou a publicação aparecer para o público começar a comemorar como se fosse casamento de amigo próximo.

Daniel, além de noivo apaixonado, é um homem trans, diretor criativo, filmmaker e fotógrafo. Ele tem cerca de 67 mil seguidores nas redes e costuma dividir um pouco de tudo: bastidores de gravações, trabalhos autorais, selfies no espelho, registros com Erika e até reflexões mais íntimas sobre sua trajetória. Quem acompanha sabe que ele não costuma florear demais — fala das dores, dos processos e das vitórias sem medo de se expor.

Numa postagem recente, que rodou bastante no Instagram e no X, Daniel apareceu exibindo o peitoral e abriu o coração sobre o processo de transição de gênero. O foco estava nas cicatrizes da mastectomia, a cirurgia para remoção das mamas, um passo importante na jornada de muitas pessoas transmasculinas. No texto, ele descreveu com intensidade momentos do passado que quase ninguém vê, aqueles que ficam escondidos atrás das fotos bonitas:

“Minhas cicatrizes dariam um epílogo interessante. Contam sobre as vezes que tentei me encaixar na sociedade, as vezes que sofri calado, as vezes que quis pegar uma faca e literalmente arrancar meus seios fora.”

É o tipo de relato que bate forte, não apenas pela dor, mas pela coragem de colocar sentimentos tão pesados à luz do dia. Em 2024 e 2025, quando discussões sobre identidade e acolhimento ganharam mais força, especialmente com as recentes votações sobre direitos LGBT no Congresso, textos como esse acabam virando quase um registro histórico.

O que também chama atenção é a história do casal. Daniel nasceu biologicamente mulher e fez a transição para o masculino. Já Erika é uma mulher trans, reconhecida nacionalmente por sua atuação política, por enfrentar discursos de ódio e por defender pautas como combate ao racismo, proteção de pessoas trans e direitos humanos. Basicamente, os dois viveram caminhos opostos e acabaram se encontrando no meio — e talvez esse seja o ponto mais bonito da relação deles.

Nas redes, é comum ver Daniel apoiando as lutas que Erika abraça no Parlamento. Ele comenta sobre transfobia, violência política e até temas mais cotidianos, como críticas à escala 6×1, que voltou a ser assunto entre trabalhadores nos últimos meses depois de debates sobre reforma trabalhista. O fotógrafo não se furta a opinar, mas sempre faz isso de um jeito mais calmo, quase didático, como quem conversa tomando um café na padaria.

O pedido de noivado em si, embora breve no vídeo divulgado, pareceu ter sido milimetricamente planejado. Teve olhar emocionado, risada tímida, mãos trêmulas e aquela cara de “não acredito que isso está acontecendo”. Quem assistiu viu que não é só relacionamento midiático — é parceria real, com afeto escorrendo pelos detalhes.

Nas caixas de comentários, o público não perdoou: foi textão para tudo quanto é lado. Muita gente lembrou do quanto é significativo ver um casal trans alcançando espaços de visibilidade num ano marcado por tensões políticas, desinformação e ataques digitais. Em meio a tanta turbulência, cenas como essa acabam funcionando quase como um respiro coletivo, um lembrete de que amor e coragem continuam furando bolhas.

Se o casamento vem logo? Isso só os dois sabem. Mas, pelo clima das postagens e pelo sorriso de Erika no vídeo, dá pra apostar que 2025 já começa com contagem regressiva.



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