A morte de Preta Gil, no dia 20 de julho de 2025, ainda ecoa como uma notícia difícil de digerir. Parece até que foi ontem que os portais começaram a pipocar com aquela manchete pesada, informando que a cantora havia falecido em Nova Iorque, durante uma tentativa desesperada de chegar ao hospital. Preta lutava há bastante tempo contra um câncer no intestino, doença que, infelizmente, evoluiu para um quadro metastático, avançando para outras partes do corpo e tirando dela as últimas possibilidades de tratamento. Mesmo apostando em terapias experimentais nos Estados Unidos — algo que muitos famosos têm buscado, inclusive em 2024 e 2025 —, nada conseguiu frear a progressão da doença. E assim, de forma triste e quase cinematográfica, ela partiu deixando um vazio enorme na música brasileira.
Mas o assunto voltou a ganhar força nos últimos dias por conta de um elemento que, querendo ou não, sempre mexe com a imaginação do público: uma suposta carta psicografada atribuída à cantora. A carta foi divulgada pelo portal Madam Sulamita, bastante conhecido no YouTube por abordar espiritualidade, previsões e conteúdos que dividem opiniões. Independente de acreditar ou não, o texto chamou atenção pelo teor emocional e pela forma como “Preta” teria se dirigido à família, especialmente ao pai, Gilberto Gil.
Num dos trechos mais comentados, a mensagem agradece diretamente ao cantor baiano pelos ensinamentos e pelo amor que ele ofereceu ao longo da vida. A frase que mais repercutiu foi: “Encontrei a paz, pai. Aqui compreendi ainda mais o valor do que você sempre tentou me mostrar: a importância de equilibrar corpo e alma.” É aquele tipo de declaração que, mesmo quem não acredita em psicografia, acaba lendo com um nó na garganta, especialmente porque Gilberto Gil mostrou em entrevistas recentes o quanto ficou abalado com a morte da filha.
A carta, no entanto, não fica apenas na gratidão. Em outro trecho, a suposta Preta Gil surge com um discurso mais firme, quase como um desabafo que ela teria guardado por muito tempo: “Eu preciso falar e preciso que seja agora. Disseram coisas sobre mim que não são verdadeiras. Inventaram cartas que não escrevi. Arrependimentos que não senti dessa forma. E silenciaram o que realmente importava.”
Essa parte deu o que falar, principalmente porque — desde sua morte — realmente circularam algumas supostas mensagens espirituais atribuídas a ela, que muitos fãs e até especialistas em espiritualidade consideraram falsas. Nas redes sociais, há sempre uma mistura de curiosidade e oportunismo, e isso acaba criando narrativas que não refletem a realidade da pessoa em vida. Parece que a carta psicografada tenta justamente desfazer esse ruído.
Logo em seguida, o texto segue com um tom ainda mais reflexivo e, ao mesmo tempo, crítico: “A morte não me calou. Apenas me mudou de lugar. Aqui entendo com clareza os erros e acertos. E vejo como certas formas aproveitam até mesmo o silêncio de um corpo frio, mas criar narrativas convenientes.” É um trecho que parece mirar diretamente naqueles que tentam usar a imagem da cantora para obter visualizações, polêmicas e engajamento.
Nas plataformas digitais, os fãs estão divididos. Parte acredita fielmente na autenticidade da carta, defendendo que a mensagem tem traços emocionais que seriam típicos de Preta. Outros acham que tudo não passa de uma tentativa de viralizar, especialmente num momento em que conteúdos espirituais vêm ganhando muita tração — basta olhar o TikTok e o YouTube para ver a quantidade de vídeos sobre mensagens do “além”.
No fim das contas, a carta psicografada reacende a memória da artista, traz um ar de mistério e, de certa forma, abre uma conversa sobre como lidamos com o luto público. Preta Gil sempre foi uma figura intensa, transparente, cheia de vida. Se essa carta é verdadeira ou não, ninguém pode afirmar com precisão. Mas uma coisa é certa: ela continua despertando emoções fortes — em vida e, aparentemente, também depois da partida.