Fome fora do normal? Médicos alertam o que pode estar acontecendo com seu corpo

Sentir fome é completamente normal — quase instintivo — mas quando essa sensação aparece o tempo todo, até minutos depois de comer, acende um alerta que muita gente ignora. Esse “descontrole alimentar”, aquela vontade meio incontrolável de assaltar a geladeira a qualquer hora, não é exclusividade de ninguém. Quase todo mundo já viveu isso, especialmente em dias de estresse, cansaço absurdo ou quando a rotina simplesmente vira um caos. E, apesar de muita gente atribuir isso à famosa “gula”, a história é bem mais complexa.

De fato, alterações hormonais, carências nutricionais, problemas digestivos e até questões emocionais podem mexer diretamente no apetite. Parece conversa fiada, mas é ciência. Em 2017, pesquisadores da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, publicaram um estudo mostrando como fatores emocionais e comportamentais têm peso enorme no ato de comer, mesmo depois que o corpo já está satisfeito. Ou seja, muita gente não come por fome real, mas para compensar algo — tédio, ansiedade, tristeza ou até aquela sensação de vazio que ninguém admite.

O cardiologista Rizzieri Gomes resume bem esse cenário: “Algumas vezes quando estamos com fome, estamos simplesmente desidratados, ou tivemos uma noite difícil sem dormir, ou ainda comemos de maneira muito errada, consumindo muitos açúcares, carboidratos e outros”. E faz sentido. Quem dorme mal acorda com o apetite bagunçado. Quem vive à base de ultraprocessados passa o dia com picos e quedas de energia. E quem não bebe água suficiente confunde sede com fome. Já me aconteceu várias vezes: achei que precisava devorar algo, bebi um copo d’água e, puff, a fome sumiu como se nunca tivesse existido.

Nos últimos anos, especialistas têm observado também como o ritmo acelerado da vida moderna influencia nossa relação com a comida. Trabalho remoto, prazos apertados, vida digital… tudo isso cria um ambiente que favorece a alimentação automática: comer rápido, comer qualquer coisa, comer sem prestar atenção. É quase uma epidemia do “beliscar”. E quando você não percebe o que come, o cérebro demora mais para registrar saciedade.

Outro ponto importante é o emocional. Depois da pandemia, aumentou a quantidade de pessoas que relatam compulsão alimentar ou episódios de fome exagerada ligados à ansiedade. A busca por comida virou, para muitos, uma forma de autorregulação. Não exatamente saudável, mas compreensível. Em dias turbulentos, até um simples pão francês pode virar um tipo de abraço emocional.

Há ainda o impacto dos hormônios — e eles são mais bagunceiros do que parecem. A grelina, conhecida como “hormônio da fome”, pode ficar elevada por noites mal dormidas. Já a leptina, responsável pela saciedade, perde eficiência quando o corpo está inflamado, cansado ou com dieta desbalanceada. Sem falar nos ciclos menstruais, que também alteram o apetite de maneira impressionante. Não é drama: é fisiologia pura.

E, claro, existem situações médicas que exigem atenção real, como hipertireoidismo, diabetes descontrolada, gastrite e até deficiências vitamínicas específicas. O corpo dá sinais — a gente que, muitas vezes, não escuta. Há pouco tempo, vi nas redes um relato viral de uma mulher que achou que tinha compulsão alimentar e, depois de exames, descobriu apenas ferritina baixíssima. Uma reposição simples mudou tudo.

Para quem sente que a fome anda “fora da curva”, algumas atitudes básicas já ajudam: hidratar-se melhor, regular o sono, incluir proteínas em todas as refeições, reduzir doces e processados e fazer pequenas pausas durante o dia para checar se a fome é física ou emocional. Parece simples, mas muda o jogo.

No fim, comer não é só uma necessidade biológica. É comportamento, emoção, hábito, memória e um pouco de bagunça também. A fome excessiva pode ser um grito do corpo pedindo atenção. E, se ouvirmos com calma, quase sempre descobrimos que não é gula — é cuidado que está faltando. Quer que eu continue, aprofunde mais ou adapte o texto para outro formato?



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