Luciano Huck é detonado após fazer pedido chocante para indígenas

O apresentador Luciano Huck voltou ao centro das atenções — e não de um jeito muito agradável. Nesta semana, um vídeo dele circulando nas redes sociais acabou despertando um debate quente sobre a forma como personalidades famosas lidam com povos indígenas. A gravação, feita em agosto deste ano durante uma visita à aldeia Kuikuro, no Mato Grosso, ao lado da cantora Anitta, ressurgiu agora e viralizou com força.

No registro, Huck aparece pedindo que os indígenas que não estivessem usando roupas tradicionais se afastassem das imagens e, além disso, que não usassem celulares durante as gravações. Segundo ele, os aparelhos poderiam “interferir” na representação da cultura original do povo.

A fala exata, gravada nos bastidores, foi essa:
“É o seguinte: a gente está cheio de câmera. Quanto mais celular de vocês aparece, acho que menos é a cultura de vocês. Quanto mais a gente conseguir preservar as nossas cenas sem celular… Porque assim, quando aparece vocês de celular, acho que mexe na cultura original. Quando tiver gravando, se vocês puderem segurar o celular… quem tiver que ver, valoriza mais vocês.”

A intenção pode até ter sido “estética” ou uma preocupação com a imagem final, mas a reação do público não foi nada estética: foi dura. Para muita gente, o pedido de Huck soou como uma tentativa de encaixar indígenas em um molde ultrapassado — quase como se eles tivessem que encenar uma versão antiga de si mesmos para agradar à TV.

O vídeo disparou no X (antigo Twitter) e em outras redes. E aí veio a onda de críticas. Uma das vozes mais duras foi a do vereador Fernando Holiday (PL-SP), que publicou nesta sexta-feira (5):

“Luciano Huck foi flagrado pedindo para indígenas fingirem quem não são. Nada de celular, nada de roupas modernas, tem que ‘limpar a cultura’ como se ainda vivessem há 500 anos. Esse é o retrato cru da esquerda caviar, que enxerga minorias apenas como palanque.”

Holiday não foi o único a comentar. Um outro usuário lembrou que, sim, indígenas usam celular — e que isso deveria aparecer na TV justamente para reduzir os estereótipos.
“Deve passar na televisão que povos indígenas do Xingu usam celulares sim, para ir diminuindo o preconceito e o estereótipo do ‘índio puro’ que se criou na cabeça da população”, escreveu.

E teve mais. Outro internauta completou a crítica:
“Incrível como a mídia e muitos que dizem defender e valorizar os povos originários buscam adestrá-los e usá-los como fantoches midiáticos.”

Enquanto isso, comentários pipocavam de todos os lados. Uns diziam que Huck foi infeliz, outros defendiam que talvez ele só estivesse preocupado com a narrativa visual, e alguns ainda questionavam se essa cena não é justamente um reflexo de como parte da sociedade ainda romantiza a imagem dos povos indígenas, como se eles estivessem congelados no tempo — ignorando que tecnologia, roupas, estudo e internet fazem parte da vida deles como da de qualquer outro brasileiro.

A situação abre uma discussão mais profunda, que já vem ganhando espaço nos últimos anos: o choque entre o que o público espera ver e o que uma cultura realmente é. E, principalmente, quem tem o direito de definir o que é “autêntico”.

Assistindo a esse debate todo, dá até aquela sensação de déjà-vu: parece que, em pleno 2025, ainda existe uma parcela da sociedade tentando encaixar os povos originários em um roteiro que não foi escrito por eles.

Se Huck vai se pronunciar novamente ou tentar ajustar o discurso, só o tempo diz. Mas uma coisa é certa: o assunto ainda vai render muito comentário, vídeo, thread e até debate de mesa-redonda nos próximos dias — afinal, quando a internet pega fogo, ninguém segura.



Recomendamos