Psicóloga expõe verdade dura sobre bullying após desabafo chocante de Ana Castela

No fim de novembro, Ana Castela voltou a movimentar as redes sociais — e, dessa vez, não foi por causa de música nova, polêmica ou apresentação lotada. A cantora surpreendeu os fãs ao abrir o jogo sobre um detalhe íntimo da própria aparência: suas orelhas. Num desabafo espontâneo nos stories, ela contou que, desde muito nova, sofre bullying por causa do formato delas, algo que marcou profundamente sua autoestima.

Ela relembrou que os comentários surgiram ainda na infância e nunca desapareceram totalmente. “A vida inteira sofri muito bullying por ter orelha de abano. Já fizeram até fake com a foto da minha orelha. Por causa disso fiz uma cirurgia, mas acabou que voltou. E esse bullying voltou junto. Não pedi para nascer assim, não, minha gente”, desabafou. A fala, dita de maneira simples, carrega um peso enorme: mostra como até alguém com milhões de seguidores, fama e dinheiro também se sente vulnerável.

Depois de detalhar a experiência com a cirurgia, a artista contou um truque curioso que usa para disfarçar o incômodo. Segundo ela, existe uma cola específica que ajuda a manter as orelhas mais “grudadinhas” na cabeça. “A gente achou uma colinha que você coloca na orelha. Olha que legal. É um treco que cola na orelha e olha que bonitinho que fica”, explicou, rindo de si mesma, e logo emendou: “Vocês não precisam disso, só eu que sou um fusca de porta aberta sem isso aqui.”

O tom bem-humorado tenta aliviar o incômodo, mas deixa escapar a fragilidade por trás da brincadeira. E é justamente essa dualidade — a piada que esconde a dor — que chamou atenção de especialistas. Para entender melhor o impacto emocional desse tipo de situação, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga Lilian Vendrame, especialista em psicologia e neuropsicologia, com formação em tratamentos para transtornos depressivos e ansiosos pelo Hospital Albert Einstein e pela USP.

Segundo Lilian, o relato de Ana é um exemplo claro de como o bullying pode moldar a identidade de uma pessoa. “O que percebo na fala da Ana Castela é como o bullying molda a identidade. Um comentário sobre a aparência pode virar uma narrativa interna, uma crença de ‘não sou bonito o suficiente’, ‘preciso me esconder’, ‘não posso ser visto como sou’. Mesmo sendo jovem, bonita, famosa, ela acreditava que essa orelha, que ela via como um defeito, poderia levá-la a sofrer bullying”, explica a psicóloga.

A especialista também destaca que o fato de Ana, hoje uma das artistas mais ouvidas do país — com agenda lotada, feats de sucesso e presença constante em programas como Domingão e shows durante a Virada Cultural — trazer esse assunto à tona é extremamente simbólico. A discussão vai muito além de estética: toca em temas como pertencimento, insegurança e pressão social, especialmente num momento em que a aparência virou pauta diária nas redes, influenciando milhões de jovens.

Lilian reforça que pequenos comentários, às vezes feitos “de brincadeira”, têm força suficiente para virar cicatrizes emocionais. “O exemplo da Ana é uma porta de entrada potente para falar sobre corpo, pertencimento e pressão estética. É a história real de uma jovem dizendo como ela se sente sobre a própria aparência”, analisa.

Ao expor seu truque com naturalidade — ainda que carregado de humor e vulnerabilidade —, Ana Castela acaba fazendo mais do que mostrar uma curiosidade dos bastidores: ela abre espaço para que outras pessoas reconheçam seus próprios incômodos e percebam que não estão sozinhas. Num tempo em que cada foto vira motivo para críticas instantâneas, esse tipo de relato ajuda a humanizar até quem vive sob holofotes.

No fim das contas, a cantora que canta sobre boiadeiro, saudade, amor e liberdade também lembra que fama nenhuma apaga inseguranças antigas. E, ao admitir seu desconforto, paradoxalmente, ela mostra uma força que vai muito além da estética. É aquele tipo de coragem silenciosa que, às vezes, muda mais vidas do que um hit no topo das paradas.



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