Conselheiro próximo do presidente americano Donald Trump, Jason Miller decidiu movimentar o debate político brasileiro ao publicar, no Instagram, um vídeo em apoio à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência da República. A informação já tinha sido revelada pela coluna, mas o gesto de Miller acabou se espalhando rapidamente e ganhou força nas redes, como costuma acontecer quando política, música e simbolismo se encontram no mesmo pacote.
A postagem é simples, mas tem aquele ar calculado que costuma acompanhar movimentos políticos internacionais. Na imagem, aparece o senador Flávio Bolsonaro ao lado do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma foto que muita gente já viu em outras ocasiões. Porém, o contexto agora é outro: o clã Bolsonaro se prepara para reorganizar sua força política após anos turbulentos, decisões judiciais, embates públicos e um cenário eleitoral de 2026 que começa a ganhar forma.
O detalhe que chamou atenção foi a trilha sonora escolhida: “Mama Said Knock You Out”, do rapper LL Cool J. A música é um clássico dos anos 90 e carrega um clima de comeback, aquela energia de “eu voltei, e voltei mais forte”. Não dá pra dizer que foi coincidência — Miller sabe muito bem o peso simbólico que letra e melodia carregam. Aliás, o próprio LL Cool J voltou aos holofotes recentemente com aparições em premiações e comentários sobre política americana, o que deixa a escolha ainda mais curiosa.
Miller adicionou na imagem trechos da letra: “Don’t call it a comeback, I been here for years; I’m rockin’ my peers, puttin’ suckers in fear; makin’ the tears rain down like a monsoon; listen to the bass go boom”.
Traduzidos para o português:
“Não chame isso de retorno, eu estou aqui há anos; eu impressiono meus iguais, colocando otários em medo; fazendo as lágrimas caírem como um monção; ouça o grave explodir.”
Logo abaixo, Miller escreveu ‘let’s go’ (vamos lá, em português) em referência à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro.
O conjunto da obra soa quase como uma declaração de guerra política, daquele tipo que parece escrita sob medida para embalar o discurso de um candidato tentando provar que não perdeu relevância — ou que está pronto para recuperar a que perdeu.
O gesto foi visto como uma tentativa de reforçar a imagem internacional de Flávio e reaquecer a influência da família Bolsonaro no cenário político. A interação entre aliados dos dois ex-presidentes reacendeu debates sobre alinhamentos conservadores entre Brasil e Estados Unidos e deu novo combustível às especulações sobre a corrida presidencial.
O conselheiro americano dialoga com uma aproximação que não é de hoje. Desde 2018, Donald Trump e Jair Bolsonaro mantêm uma relação política e simbólica forte, quase como aliados naturais no tabuleiro ideológico global. A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, nesse sentido, seria uma tentativa de manter viva essa corrente, mesmo após decisões judiciais que tornaram Jair Bolsonaro inelegível e mudaram o rumo do bolsonarismo.