Ex-repórter da TV Globo, passa mal e falece aos 58 anos

A tarde desta terça-feira (9) terminou mais silenciosa para o jornalismo sul-mato-grossense. Morreu Edson Godoy, aos 59 anos, um daqueles repórteres que muita gente lembra pelo jeito simples de contar histórias. A família confirmou que ele faleceu em São José dos Pinhais, no Paraná, depois de passar mal logo cedo. Ele deixa uma filha de 26 anos, que sempre foi apontada por ele como sua “maior torcida” — expressão que alguns colegas lembraram nas redes sociais, em mensagens emocionadas publicadas ainda no começo da noite.

De acordo com informações próximas da família, Edson acordou indisposto e, achando que era apenas um mal-estar típico desses dias quentes de dezembro — e olha que o país inteiro tá vivendo ondas de calor que não dão trégua — acabou sendo levado para um hospital. Apesar do atendimento, por volta das 17h veio a notícia que ninguém queria receber: ele não resistiu a um infarto. Foi um baque, principalmente para quem trabalhou com ele na época das primeiras transmissões digitais da TV Morena, ali no começo dos anos 2000, quando tudo ainda era meio improvisado e cheio de fio pelo chão.

O corpo será trazido do Paraná para Mato Grosso do Sul, e muita gente já comentou que pretende ir prestar a última homenagem. O velório está marcado para começar às 21h desta quarta-feira (10), no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, um lugar conhecido por receber despedidas de várias figuras importantes da comunicação regional. O sepultamento deve ocorrer na quinta-feira (11), às 9h. É um daqueles momentos tristes que juntam colegas de diferentes épocas, cada um com uma história pra contar sobre o Edson.

Falando em histórias, a trajetória dele no jornalismo é daquelas que mostram como a profissão foi mudando junto com o país. Edson atuou como repórter da TV Morena durante os anos 2000, uma fase em que ele se destacava muito nas pautas comunitárias. Quem viveu esse tempo lembra das matérias em bairros afastados, do jeito dele de conversar com as pessoas sem pressa, às vezes até esquecendo que a equipe estava no horário do telejornal. Ele tinha uma voz pausada e firme, um estilo meio antigo, mas que combinava bem com seu jeito de repórter de rua.

Curiosamente, na última sexta-feira, ele apareceu numa das homenagens exibidas no Globo Repórter, que trouxe uma produção especial pelos 60 anos da RMC (Rede Matogrossense de Comunicação). O programa relembrou nomes marcantes da emissora, e colegas comentaram que Edson ficou emocionado ao ver a própria imagem na TV tantos anos depois. Ninguém imaginava que aquela lembrança viria tão perto da despedida.

Além da TV Morena, Edson trabalhou também na TV MS Record, onde participou de coberturas maiores, incluindo eleições municipais e reportagens sobre problemas urbanos que continuam atuais até hoje — como as enchentes que, ano após ano, voltam a castigar a população de Campo Grande. Depois de deixar a televisão, ele assumiu o cargo de secretário de Comunicação da prefeitura, um desafio que ele sempre dizia ter aceitado “meio sem querer”, mas que acabou marcando uma fase importante da sua vida profissional.

Os colegas lembram que ele tinha um humor próprio, meio irônico às vezes, mas sempre disposto a ajudar quem estava começando na profissão. Há quem diga que ele era daqueles que anotavam tudo num caderninho, hábito cada vez mais raro nessa era de celulares e gravações rápidas. Era um jornalista à moda antiga, como alguns definiram nesta terça, quando a notícia se espalhou rapidamente — primeiro nos grupos de WhatsApp, depois pelos portais da região.

Com a morte de Edson Godoy, o jornalismo de Mato Grosso do Sul perde mais um de seus personagens clássicos, desses que fizeram a ponte entre a fase analógica e o jornalismo mais acelerado de hoje. Ficam as lembranças, as histórias e a sensação de que certas vozes fazem falta mesmo quando o tempo passa depressa demais.



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