O presidente Lula decidiu encerrar o ano de um jeito bem menos tenso do que começou: com bola no pé, conversa fiada e aquele clima de confraternização que costuma tomar conta de Brasília em dezembro. Segundo apurado pela coluna, ele convocou alguns ministros e assessores para disputar uma “pelada” logo depois da última reunião ministerial de 2025, marcada para a próxima quarta-feira (17/12), na Granja do Torto.
A escolha do local não surpreende ninguém que acompanha os bastidores do governo. A Granja do Torto, residência de campo da Presidência, sempre foi um ambiente onde Lula se sente mais à vontade — um espaço meio rústico, meio bucólico, onde ele costuma misturar política e descontração. Quem já participou de encontros por lá garante que, quando o presidente resolve brincar, dificilmente o clima volta a ficar sério. E, bom, fim de ano é fim de ano: até Brasília dá uma desacelerada.
Um dos convidados para o jogo é o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), que não só recebeu o convite como confirmou a informação à coluna nesta quinta-feira (11/12). Ele até brincou, nos corredores, que não sabe se vai fazer bonito no gramado, mas que topou a missão. Aliás, Renan tem se aproximado bastante do presidente nos últimos meses, sobretudo depois das obras entregues no Nordeste — assunto que, inevitavelmente, acaba surgindo até em conversas informais.
O próprio Lula, de acordo com assessores que acompanham o cotidiano do Planalto, está empolgado com a ideia de jogar. Ele deve se posicionar como atacante, função que sempre gostou de assumir quando se arrisca no futebol amador. Não faltam relatos de peladas antigas em que ele insistia em “guardar um golzinho” para sair feliz. É quase parte do ritual pessoal.
A reunião ministerial, marcada para começar logo cedo na quarta-feira, promete ocupar boa parte do dia. Deve ser uma daquelas sessões longas, com balanço do ano, projeções para 2026 e cobranças pontuais. Há temas pesados na mesa, como articulação no Congresso, orçamento e as turbulências recentes geradas pela CPI das Fake News, que voltou a pautar Brasília depois das polêmicas envolvendo parlamentares de oposição.
Mas a expectativa interna é de que o clima seja mais leve do que o habitual. Primeiro, porque dezembro costuma suavizar até os embates mais duros. Segundo, porque Lula tem repetido, nos últimos discursos, que quer encerrar o ano com foco em unidade e “espírito de equipe”. Essa pelada, por mais simbólica que pareça, acaba funcionando como parte desse roteiro.
Entre ministros e auxiliares, comenta-se até sobre quem vai topar entrar em campo. Alguns já confessaram que não querem se arriscar, seja por falta de preparo físico, seja por medo de virar meme — e, convenhamos, a internet não perdoa nem a chuteira errada. Outros estão animados. A ala mais jovem do governo já cogita até montar escalação. Dizem que tem ministro querendo marcar o presidente de perto “para garantir que ele brilhe”, ironizou um assessor próximo.
Para completar a programação, Lula oferecerá um almoço de confraternização, algo que também virou tradição. Geralmente é um encontro descontraído, cheio de histórias, pequenas farpas bem-humoradas e até algumas indiretas políticas que surgem naturalmente no cardápio.

No fim das contas, a pelada pode até parecer um detalhe irrelevante na rotina de governo, mas diz muito sobre o estilo Lula de fazer política — mistura jogo, conversa, bastidor e aproximação pessoal. E, num momento em que o país atravessa tensões econômicas e debates acalorados, uma bola rolando entre ministros se torna, no mínimo, uma pausa estratégica para respirar.