Aos 83 anos, o ex-senador e ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) voltou a preocupar aliados, amigos e até adversários políticos depois de precisar ser internado às pressas no Hospital Sírio-Libanês, na região central da capital paulista. Serra está hospitalizado desde a semana passada e, apesar do susto inicial, o quadro inspira mais atenção do que pânico, segundo pessoas próximas.
De acordo com informações repassadas por assessores, a internação aconteceu na última sexta-feira, dia 12, para tratar uma infecção considerada grave na garganta. O problema, felizmente, já teria cedido após o início do tratamento com antibióticos. Mesmo assim, os médicos optaram por manter o político no hospital até a conclusão do ciclo do medicamento e para a realização de alguns exames de rotina. Nada fora do comum pra alguém da idade dele, dizem nos bastidores.
Serra, que também já foi prefeito da cidade de São Paulo e ministro em diferentes governos, tem uma longa trajetória na vida pública brasileira. E não é de hoje que a saúde dele exige cuidados extras. Em 2021, o tucano revelou que havia sido diagnosticado com a doença de Parkinson em estágio inicial, além de distúrbios do sono. A partir daí, ficou claro que a rotina pesada de Brasília já não combinava mais com o momento de vida dele.
Naquele mesmo ano, por conta do avanço do quadro, José Serra acabou se afastando do mandato de senador por São Paulo. Com isso, quem assumiu a vaga foi o então suplente José Aníbal, também do PSDB. A decisão foi vista como inevitável até entre aliados mais próximos, já que Serra vinha enfrentando dificuldades visíveis para cumprir a agenda política.
Mesmo com a saúde fragilizada, Serra ainda tentou seguir ativo. Em 2022, ele se lançou candidato a deputado federal. A campanha, no entanto, foi bastante limitada. Sem conseguir viajar ou participar de eventos com frequência, acabou não sendo eleito. Ainda assim, não dá pra dizer que foi um fracasso completo: ele somou 88.926 votos e ficou na primeira suplência, o que mostra que seu nome ainda tinha peso entre parte do eleitorado paulista.
Segundo a assessoria do político, neste momento ele está bem, consciente e reagindo normalmente ao tratamento. Ainda não há previsão de alta hospitalar, o que, segundo médicos, é até esperado. Em situações assim, o cuidado costuma ser redobrado, principalmente levando em conta a idade e o histórico clínico.
Vale lembrar que José Serra também marcou época nas disputas presidenciais. Em 2010, ele foi candidato à Presidência da República pelo PSDB e chegou ao segundo turno. No primeiro turno, realizado em 3 de outubro, Serra ficou em segundo lugar, com 32,61% dos votos válidos. Como Dilma Rousseff, a mais votada, não alcançou os 50% necessários, a eleição seguiu para o segundo turno.
Na etapa final da disputa, em 31 de outubro daquele ano, Serra obteve 43,95% dos votos. Apesar do desempenho considerável, acabou derrotado por Dilma, que se tornou a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Aquela eleição, inclusive, é lembrada até hoje pelo clima acirrado e pelas campanhas duras de ambos os lados.
Hoje, longe das disputas eleitorais e dos palanques, José Serra enfrenta uma batalha diferente, mais silenciosa e pessoal. O momento é de cuidado, repouso e acompanhamento médico. Para quem acompanhou sua trajetória política cheia de embates, vitórias e derrotas, resta agora torcer por uma recuperação tranquila, sem pressa, do jeito que a idade e a saúde pedem.
