Gilmar Mendes diz não ver necessidade de código de conduta no STF

Gilmar Mendes e a Polêmica do Código de Conduta para Magistrados do STF

Nesta segunda-feira, 22 de outubro, o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF) fez declarações que geraram discussões sobre a necessidade de um novo código de conduta para os magistrados da Corte. Mendes, um dos membros mais experientes do tribunal, ressaltou que não vê a criação desse código como imprescindível, embora não seja totalmente contra a ideia.

A Legislação Atual e as Regras de Comportamento

Durante sua conversa com jornalistas, Gilmar Mendes destacou que as questões de comportamento e ética dos integrantes do STF já são, em grande parte, reguladas pela legislação brasileira. Ele mencionou regras que proíbem, por exemplo, a aceitação de presentes e impõem regulamentações sobre atividades privadas dos magistrados. Além disso, há também normas que vedam manifestações públicas sobre processos que estão em julgamento, o que contribui para a imparcialidade da Corte.

“Eu não sou contra. Se entenderem que é necessário consolidar, pode-se fazer. Mas nós já temos todas as regras aí. Podemos até adotar as normas de ética para magistratura do CNJ e ponto final”, disse Mendes. Essa afirmação levanta a questão: será realmente necessário um novo conjunto de regras, se já existem diretrizes claras que regem o comportamento dos magistrados?

Críticas às Propostas de Edson Fachin

Apesar de sua posição, Mendes não deixou de criticar algumas ideias que foram discutidas para o código proposto pelo presidente do STF, Edson Fachin. Uma das sugestões que gerou descontentamento foi a imposição de restrições à participação dos ministros em eventos públicos. Mendes defendeu sua liberdade de comparecer a todos os eventos aos quais é convidado, afirmando que ele não recebe remuneração por isso e que não considera que haja algo de impróprio em tais encontros.

“Vou a todos os eventos para os quais sou convidado e não recebo remuneração por isso. Não acho que ninguém tenha conversa imprópria em evento. E, se alguém quiser ter uma conversa imprópria, certamente não faria isso em um evento”, declarou, evidenciando sua visão de que a transparência e a participação em eventos são importantes para o fortalecimento da imagem da Justiça.

A Liberdade de Expressão dos Magistrados

Outro ponto que Mendes enfatizou foi a necessidade de que os integrantes da Corte possam se manifestar livremente sobre processos que estão em andamento. Ele alertou que uma proibição nesse sentido poderia ser “problemática”. Mendes citou sua própria atuação durante os julgamentos da Operação Lava Jato, onde ele se posicionou ativamente, argumentando que sua contribuição foi significativa para a discussão pública sobre o assunto.

“Eu travei toda aquela batalha contra a Lava Jato falando, denunciando. Se eu não tivesse falado, certamente nada teria mudado”, afirmou, revelando sua preocupação com a necessidade de uma discussão aberta e crítica sobre temas de grande relevância para a sociedade.

A Proposta de Código de Conduta

A proposta de um código de conduta para os magistrados do STF tem sido defendida por Edson Fachin desde o início de seu mandato. Desde outubro, quando assumiu a presidência da Corte, ele se reuniu com presidentes de tribunais superiores que, em sua maioria, mostraram-se favoráveis à ideia. No entanto, dentro do próprio Supremo, a resistência parece ser maior, com alguns ministros como Gilmar Mendes levantando questionamentos sobre a necessidade real da medida.

Conforme informações da CNN Brasil, Fachin tem tentado construir um texto que seja consensual entre os colegas da Corte, conversando individualmente com eles e até com ministros aposentados. O código em elaboração é inspirado no modelo da Suprema Corte da Alemanha, mas será adaptado para a realidade brasileira, incorporando também influências de normas existentes nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

Objetivos da Proposta

Vale ressaltar que a proposta não prevê sanções formais, mas sim orientar os magistrados sobre padrões de decoro e conduta. Isso levanta um debate importante sobre como a ética e a moral devem ser tratadas dentro do sistema judiciário e até que ponto é necessário regulamentar comportamentos que, em teoria, já deveriam ser regidos pela consciência ética de cada magistrado.

Conclusão

A discussão em torno da criação de um código de conduta para os magistrados do STF é apenas mais uma evidência de como a ética e a transparência são fundamentais para a confiança da sociedade na Justiça. Enquanto alguns defendem a regulamentação mais rígida, outros acreditam que a legislação atual é suficiente. O que resta é acompanhar como essa discussão vai evoluir e quais serão as implicações para o futuro do sistema judiciário brasileiro.



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