Engordou 130kg, ataque na prisão e outro nome: novas revelações reacendem o caso Maníaco do Parque

Vinte e seis anos depois de ser preso, Francisco de Assis Pereira, conhecido em todo o Brasil como o Maníaco do Parque, voltou a ocupar espaço no debate público. O nome, que marcou o país no fim dos anos 1990, reaparece agora cercado de novas informações sobre sua rotina na prisão e, principalmente, sobre o que pode acontecer quando o prazo máximo de encarceramento estiver perto do fim.

Condenado a mais de 280 anos de prisão por assassinar sete mulheres e estuprar outras nove, Francisco cumpre pena desde 1998. Pela legislação vigente à época, o tempo máximo de permanência atrás das grades é de 30 anos. Isso significa que, em tese, ele pode deixar o sistema prisional em 2028. E é exatamente essa possibilidade que assusta especialistas, autoridades e parte da população.

Reportagens recentes, baseadas em apurações do jornalista Ullisses Campbell e em matérias exibidas pelo SBT News, trouxeram à tona detalhes pouco conhecidos sobre a atual condição do detento. As revelações reforçam um ponto central: o tempo passou, o corpo mudou, mas a periculosidade segue intacta.

A primeira mudança visível é física. A imagem do motoboy magro, que se aproximava das vítimas patinando pelo Parque Ibirapuera, já não existe mais. Segundo relatos de agentes penitenciários e laudos médicos, Francisco engordou de forma extrema ao longo das décadas de cárcere. Estima-se que ele tenha ganhado cerca de 130 quilos desde a prisão. A rotina sedentária no Pavilhão 3 de Iaras, unidade que abriga criminosos sexuais, somada ao uso contínuo de medicamentos controlados, contribuiu para essa transformação. Peritos afirmam que hoje ele seria praticamente irreconhecível em meio à população comum, o que levanta dúvidas sobre como seria feito um eventual monitoramento externo.

Mas o que mais chama atenção não é o corpo, e sim o comportamento. Apesar de tentar manter uma postura calma em entrevistas gravadas, um episódio dentro da prisão desmonta qualquer discurso de mudança. Durante uma avaliação com a psiquiatra forense Hilda Morana, referência na área, Francisco teria tentado estrangulá-la. O ataque aconteceu quando a médica pediu que a porta da sala fosse fechada, para garantir a privacidade do exame. Segundo reportagem exibida em outubro de 2024 pelo SBT News, ele avançou contra o pescoço da profissional e ainda fez ameaças verbais. O caso reforçou laudos que apontam que a psicopatia segue ativa, sem sinais de arrependimento ou empatia.

Há ainda uma terceira revelação que preocupa autoridades: a estratégia para o “depois da prisão”. Com a possível saída prevista para 2028, Francisco já manifestou o desejo de trocar de nome oficialmente. A defesa usa o argumento de conversão religiosa para sustentar a mudança de identidade. Na prática, especialistas avaliam que se trata de uma tentativa clara de apagar o vínculo direto com o apelido que chocou o país e, assim, circular com menos resistência social.

O problema é que essa mudança pode dificultar o controle e a vigilância. Para profissionais da área de segurança pública, permitir que alguém com histórico tão violento altere seus dados civis representa um risco concreto, ainda mais quando não há sinais de transformação psicológica real.

Diante disso, a pergunta é inevitável: o Maníaco do Parque pode mesmo sair da cadeia? Pela lei antiga, sim. Porém, especialistas apontam que laudos psiquiátricos desfavoráveis podem barrar a liberdade e sustentar uma internação em hospital de custódia por tempo indeterminado. O desafio do Judiciário é enorme: lidar com um homem que mudou de aparência, planeja mudar de nome, mas continua carregando a mesma mente que aterrorizou o Brasil.



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