A declaração de Alexandre de Moraes que deixou Flávio Bolsonaro irritado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a movimentar as redes sociais nesta semana ao postar um vídeo inflamado contra a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O alvo da revolta foi a condenação de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que recebeu uma pena de 27 anos de prisão. Segundo a Corte, o ex-chefe do Executivo teria comandado uma organização criminosa com a intenção de promover um golpe de Estado.

No vídeo, que viralizou rapidamente no X (antigo Twitter), Flávio não economizou nas palavras: “O que todo mundo viu nesse 11 de setembro brasileiro foi uma covardia, uma vergonha contra um homem honesto e inocente, vítima de uma união oportunista de pessoas que não estavam defendendo a Constituição e muito menos a democracia.” A escolha da data não foi por acaso. Para o senador, o julgamento que condenou seu pai ficará marcado como um atentado simbólico contra o país, lembrando o fatídico 11 de setembro de 2001.

E não parou por aí. Em tom ainda mais carregado, Flávio comparou o julgamento às cenas trágicas das Torres Gêmeas caindo em Nova Iorque. “O que a gente assistiu foi o ataque às Torres Gêmeas no Congresso, que tem se apequenado nos últimos anos ante o progressivo e antidemocrático avanço de Alexandre de Moraes contra as liberdades, contra prerrogativas parlamentares e contra quem mais ele quiser perseguir.” A metáfora, claro, dividiu opiniões: para uns foi um exagero, para outros um desabafo legítimo de quem se vê acuado.

O senador também mostrou incômodo pessoal com os bastidores do julgamento. Segundo ele, houve certo clima de deboche por parte dos ministros: “A maioria da Primeira Turma não conseguia esconder a felicidade de estar condenando Bolsonaro, fazendo piadinhas, um sarcasmo desprezível, até reclamando por ter perdido o jogo do Corinthians.” Essa última parte, citando futebol, caiu como uma provocação extra, já que muitos brasileiros sabem o peso cultural que o Corinthians tem na política e no cotidiano do país.

Enquanto Flávio buscava defender o pai, nas redes sociais os comentários se multiplicaram. Hashtags como #BolsonaroInocente e #STFGolpista chegaram aos assuntos mais comentados, mas também apareceram críticas pesadas contra a família Bolsonaro. Muita gente destacou que a comparação com o 11 de setembro foi infeliz, já que lá morreram quase 3 mil pessoas, e que colocar isso lado a lado com um julgamento, por mais polêmico que seja, seria desrespeitoso.

Vale lembrar que Alexandre de Moraes, citado diretamente por Flávio, tem sido alvo constante da ala bolsonarista. Nas últimas semanas, o ministro participou de eventos internacionais sobre combate à desinformação e voltou ao centro do debate político. O embate entre Moraes e Bolsonaro já virou quase uma novela que prende atenção da opinião pública, cada capítulo mais tenso que o anterior.

O vídeo de Flávio, portanto, não foi apenas um desabafo, mas uma estratégia de mobilização política. Em ano em que a direita tenta reorganizar suas bases após a derrota eleitoral de 2022 e as consequências do 8 de janeiro, qualquer fala de impacto ganha peso redobrado. Mesmo fora do Planalto, Jair Bolsonaro ainda movimenta multidões, seja no asfalto com motociatas, seja no digital com seus apoiadores mais fiéis.

No fim das contas, o que fica claro é que o clima de polarização política segue firme. Flávio Bolsonaro tentou colocar emoção no debate, trazendo referências fortes e até polêmicas para defender o pai. Se o objetivo era chamar atenção, conseguiu. Mas se a estratégia vai surtir efeito jurídico ou político, isso ainda é uma incógnita.