Autópsia no corpo de Juliana Marins aumenta mistério sobre morte da brasileira em vulcão na Indonésia

A tragédia envolvendo a brasileira Juliana Marins, que morreu durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, na Indonésia, ganhou novos desdobramentos com a divulgação dos resultados da autópsia. O caso, que já vinha sendo cercado de críticas e questionamentos — principalmente quanto à demora no resgate — agora traz ainda mais interrogações após as declarações do médico responsável pelo exame do corpo.

Juliana sofreu o acidente no sábado, dia 21, mas o corpo só foi resgatado na quarta-feira seguinte, 25 de junho, por autoridades locais com o apoio de voluntários que ajudaram nas buscas. A queda aconteceu numa das trilhas do Monte Rinjani, que é bastante frequentada por turistas e aventureiros. Com quase 3.700 metros de altitude, o local já registrou outros casos parecidos, mas esse em específico mobilizou bastante atenção no Brasil — principalmente nas redes sociais.

A polêmica principal gira em torno da cronologia da morte. Em entrevista concedida à BBC da Indonésia, o médico legista Ida Bagus Alit afirmou que, segundo sua análise, Juliana teria morrido entre 1h e 13h (horário local) do dia 25 — ou seja, quatro dias após o acidente. Isso contradiz diretamente informações anteriores, como a da agência de resgates da própria Indonésia, que já considerava a brasileira como morta no dia anterior.

Além disso, Alit declarou que, pela condição do corpo, a morte teria ocorrido cerca de 20 minutos depois que Juliana sofreu as fraturas. Isso deixou familiares e internautas ainda mais confusos: afinal, se ela morreu apenas 20 minutos após os ferimentos, por que o laudo indica a quarta-feira como data da morte? E se ela de fato sobreviveu à queda, por que só veio a óbito quatro dias depois?

Essas contradições alimentaram teorias e críticas. Muitos brasileiros apontaram falhas no socorro indonésio, dizendo que o resgate foi demorado demais e que, talvez, Juliana pudesse ter sido salva se houvesse uma resposta mais rápida. Outros defendem que, devido ao difícil acesso do local e às condições meteorológicas instáveis, o resgate levou o tempo necessário dentro das limitações existentes.

Tentando esclarecer, o médico legista explicou que fatores ambientais, como umidade e temperatura, podem causar alterações no processo de decomposição, o que ele chamou de “operações post-mortem” (reações que continuam a acontecer mesmo após a morte). Além disso, o corpo foi mantido dentro de um freezer durante o transporte da Ilha de Lombok até Bali, o que pode ter impactado também a análise do tempo exato do óbito.

Outro ponto destacado foi que Juliana não apresentava sinais de hipotermia, o que, segundo o especialista, indica que a morte não foi causada por exposição prolongada ao frio — o que poderia ter ocorrido caso ela estivesse viva por mais tempo depois do acidente.

Ainda que essas explicações existam, o caso continua mal explicado pra muita gente. Fica aquela sensação de que tem mais coisa aí do que foi contado até agora. O embaixador brasileiro na Indonésia chegou a emitir nota informando que o governo acompanha o caso e que os trâmites para trazer o corpo de Juliana ao Brasil já foram iniciados.

Por enquanto, o que se tem são informações desencontradas, familiares em luto e uma internet em chamas cobrando justiça, ou pelo menos, respostas mais claras. A morte de Juliana virou mais do que um acidente — virou um episódio que escancarou a dificuldade de lidar com tragédias internacionais em lugares onde nem sempre tudo é tão transparente assim.