O Brasil tem uma rica história no cinema, e um dos nomes que marcou profundamente essa trajetória foi o cineasta Carlos Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues. Ele foi uma figura proeminente do movimento Cinema Novo e suas contribuições para a sétima arte brasileira são inegáveis.
Na madrugada desta sexta-feira, aos 84 anos, Cacá Diegues faleceu no Rio de Janeiro. A Academia Brasileira de Letras (ABL), reconhecendo sua importância e talento, o elegeu como imortal por sua poesia cinematográfica, ocupando a Cadeira 7 da instituição. Sua morte deu início a um processo para a escolha do próximo ocupante desse assento simbólico.
Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo, era um artista multifacetado. Além de sua renomada carreira no cinema, ele também se destacou como poeta e jornalista desde a juventude. Seus primeiros poemas foram publicados no Jornal do Brasil em 1958, indicando desde cedo sua veia artística e seu comprometimento com a expressão cultural brasileira.
Ao ser empossado na ABL em 2019, Cacá Diegues foi elogiado por Geraldo Carneiro, que ressaltou a assinatura de brasilidade presente em suas obras. Em um período marcado pela Ditadura Militar, Diegues utilizou o cinema como forma de celebrar a vida e a cultura do Brasil. Sua visão artística foi além das telas, buscando não apenas produzir um cinema nacional, mas também criar uma identidade cinematográfica para o país.
A trajetória de Cacá Diegues foi marcada por uma constante busca pela inovação e pela representação autêntica da realidade brasileira. Seus filmes, reconhecidos em festivais internacionais, refletiram não apenas sua habilidade técnica, mas também sua sensibilidade para temas relevantes e universais. Sua obra abrange desde longas-metragens até comerciais, documentários e videoclipes, demonstrando sua versatilidade como artista.
Nascido em Maceió, Cacá Diegues mudou-se para o Rio de Janeiro aos seis anos de idade. Filho de um antropólogo e de uma fazendeira, sua formação multicultural certamente influenciou sua visão de mundo e sua produção artística. Durante o período do AI-5, ele deixou o Brasil e viveu na Europa com sua esposa, experiência que certamente contribuiu para sua diversidade criativa.
Além de sua atuação no cinema, Cacá Diegues também deixou sua marca na literatura. Entre seus livros publicados, destacam-se obras como “Ideias e Imagens” (1988) e “Vida de Cinema”. O cineasta também teve textos semanais publicados no jornal O Globo, compilados posteriormente no livro “Todo Domingo”.
A morte de Cacá Diegues representa uma perda significativa para a cultura brasileira, deixando um legado que atravessa gerações. Sua capacidade de unir cinema e poesia, sua sensibilidade para questões sociais e sua paixão pela arte o tornam uma figura inesquecível no cenário cultural do país.
A Academia Brasileira de Letras lamentou a partida desse grande artista em suas redes sociais, ressaltando a importância de sua contribuição para a história do cinema e da literatura brasileira. A memória de Cacá Diegues permanecerá viva através de suas obras, que continuam a inspirar e emocionar espectadores em todo o mundo.