Censo: número de imigrantes volta a crescer pela primeira vez desde 1960

Crescimento da Imigração e Mudanças nos Fluxos Migratórios no Brasil

Os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022 trouxeram à tona um fenômeno interessante: o aumento no número de estrangeiros e naturalizados brasileiros no Brasil. Esse crescimento não era visto desde a década de 1960, o que torna a situação ainda mais intrigante. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou essas informações em uma sexta-feira (27), revelando que, entre 2010 e 2022, o número de residentes naturais de países estrangeiros no Brasil saltou de 592 mil para 1 milhão.

Crescimento Acentuado de Imigrantes

Esse aumento de 70,3% no número de imigrantes é o maior registrado desde 1980, quando o Censo contabilizou 1,1 milhão de estrangeiros. Um dado surpreendente é que a maioria dos novos imigrantes vem da América Latina, especialmente da Venezuela, que sozinha representa 272 mil pessoas. O número de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina aumentou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, o que corresponde a um crescimento significativo no contexto de migração.

O Que Está Acontecendo com os Imigrantes de Outras Regiões?

Enquanto a imigração da América Latina está em alta, o mesmo não pode ser dito para os imigrantes de outras regiões, como a Europa e a América do Norte. Por exemplo, entre os imigrantes europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil, resultando em uma queda de 29,9% para 12,2%. Da mesma forma, a imigração norte-americana caiu de 20,4% para 7,0%.

Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, explica que, em 2010, os nascidos em Portugal eram o grupo mais significativo entre os imigrantes. No entanto, em 2022, a liderança passou para os nascidos na Venezuela, com Portugal caindo para a segunda posição. Esse cenário reflete um deslocamento regional nas origens dos imigrantes que vêm para o Brasil.

Fluxos Migratórios e Suas Implicações

Os dados revelam que, entre o 1 milhão de estrangeiros e naturalizados que residem no país em 2022, 460 mil chegaram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017, e outros 399 mil entre 2018 e 2022. Esses números são significativos e indicam uma tendência crescente de imigração. Comparando os fluxos imigratórios ao longo dos anos, vemos que nos cinco anos anteriores ao Censo 2010, o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto que no Censo 2022 esse número subiu para 457 mil pessoas, um aumento notável.

Migrações Internas no Brasil

Além do aumento na imigração, o Censo 2022 também revelou informações sobre migrações internas no Brasil. Um total de 19,2 milhões de pessoas vivem em regiões diferentes de onde nasceram, com 10,4 milhões deles originários do Nordeste. Isso sugere que a mobilidade interna é uma realidade significativa no país.

Movimentos Regionais e Seus Efeitos

  • Nordeste: Recebeu cerca de 746 mil imigrantes de outras regiões, mas 995 mil pessoas deixaram essa região, resultando em um saldo migratório negativo de 249 mil.
  • Sudeste: Com 859 mil imigrantes e 980 mil emigrantes, a região também apresentou um saldo negativo de 121 mil.
  • Norte: Recebeu 231 mil imigrantes, mas perdeu 432 mil emigrantes, resultando em um saldo negativo de 201 mil.
  • Centro-Oeste: Registrou um saldo positivo com 595 mil migrantes chegando e 387 mil saindo, resultando em um ganho de 209 mil pessoas.

Estados em Destaque

Um ponto interessante é que, pela primeira vez na história, São Paulo apresentou um saldo migratório negativo, com uma perda de 89,5 mil pessoas. Isso contrasta com Santa Catarina, que se destacou com um saldo positivo de 354 mil pessoas, o que representa 4,66% da população total do estado.

O Rio de Janeiro também teve um saldo negativo, perdendo 165 mil pessoas, enquanto o Distrito Federal viu um número significativo de emigrantes indo para Goiás e Minas Gerais.

Conclusão

Esses dados do Censo 2022 são significativos, pois não apenas mostram o aumento da imigração, mas também revelam as dinâmicas internas de migração dentro do Brasil. Esse fenômeno pode ter implicações importantes para a composição demográfica do país, as políticas de imigração e as relações sociais entre as diversas regiões. O que será que o futuro reserva para a migração no Brasil? Essa pergunta permanece em aberto e merece a atenção de todos.

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