Donald Trump manda recado enigmático ao STF após prisão de Bolsonaro

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro em prisão domiciliar repercutiu fortemente não só dentro do Brasil, mas também no cenário internacional. E, como era de se esperar, o governo de Donald Trump — que voltou ao poder nos EUA em meio a um turbilhão político próprio — não ficou em silêncio.

Numa nota publicada no fim da tarde desta segunda (4), o Bureau para Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA fez uma crítica dura ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. O texto, que circulou entre diplomatas e jornalistas americanos, afirma que os Estados Unidos “condenam com firmeza” a decisão do ministro Moraes, considerando-a uma afronta ao devido processo legal e aos princípios democráticos. E o recado vai além: o governo Trump prometeu “responsabilizar todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”.

Na prática, é um sinal de que Washington pode aplicar sanções contra membros do STF — como já aconteceu com o próprio Moraes, que entrou na mira da Lei Magnitsky no mês passado. Vale lembrar que essa lei permite aos EUA punir autoridades estrangeiras envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos, congelando bens e bloqueando vistos.

Clima de tensão antes da votação no STF

A situação deve esquentar ainda mais nesta terça-feira, 5 de agosto, quando a Primeira Turma do STF se reúne para decidir se mantém ou revoga a ordem de prisão domiciliar imposta por Moraes. O julgamento promete ser tenso, com pressão política de todos os lados.

A Primeira Turma é composta por cinco ministros: Alexandre de Moraes (relator do caso), Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux. Destes, quatro costumam votar em bloco em temas sensíveis — especialmente aqueles ligados ao ex-presidente Bolsonaro. Fux, porém, tem se mostrado mais independente, embora mantenha uma postura institucional.

Nos bastidores, comenta-se que o governo Lula acompanha de perto o desdobramento, mas evita qualquer interferência direta, tentando manter a aparência de neutralidade. Ainda assim, o Planalto teria sido pego de surpresa com a nota de Trump, que reascendeu a polarização Brasil-EUA em pleno cenário eleitoral americano.

Trump e Bolsonaro: afinidades ideológicas e alianças estratégicas

A ligação entre Trump e Bolsonaro é antiga e bem documentada. Durante seu primeiro mandato, Bolsonaro adotou uma política externa quase inteiramente alinhada a Washington, inclusive apoiando publicamente a reeleição de Trump em 2020 — gesto que contrariou tradições diplomáticas brasileiras.

Agora, com Trump de volta ao poder e em plena campanha para as eleições legislativas de novembro, o apoio ao aliado brasileiro serve também como uma forma de sinalizar firmeza diante da esquerda latino-americana, que Trump frequentemente acusa de minar as democracias do continente.

Fontes ligadas ao Partido Republicano afirmam que novos anúncios podem ser feitos ao longo da semana, inclusive com possíveis sanções a membros do Judiciário brasileiro, algo que poderia escalar a crise diplomática entre os dois países.

No meio disso tudo, o povo assiste atônito

Enquanto os bastidores fervem, o cidadão comum tenta entender onde tudo isso vai dar. A prisão domiciliar de Bolsonaro causou reações mistas nas redes sociais, com apoiadores revoltados falando em perseguição e parte da oposição celebrando como um avanço no combate à impunidade.

Seja como for, o fato é que a política brasileira voltou ao centro das atenções internacionais — e, desta vez, com um aliado poderoso pressionando de fora. A votação desta terça no STF pode marcar um novo capítulo na já conturbada relação entre Judiciário, Executivo e o cenário externo.

Agora, resta saber se os ministros do Supremo vão manter a decisão de Moraes ou se vão recuar diante da pressão de Washington.