Nos últimos dias, a cena política internacional voltou a esquentar, e dessa vez o assunto que dominou os noticiários foi a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento aconteceu na última quinta-feira, 11 de setembro, e terminou com um placar de 4 votos a 1 a favor da condenação. O único voto contrário foi do ministro Luiz Fux, que ficou isolado na decisão. Esse episódio, claro, repercutiu não só no Brasil, mas também no exterior.
Um dos que resolveram dar opinião foi ninguém menos que Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Durante uma conversa com jornalistas, Trump não escondeu sua surpresa e frustração com o resultado. Segundo ele, o que aconteceu com Bolsonaro lembra bastante as tentativas de miná-lo politicamente durante o seu próprio governo, quando enfrentou processos de impeachment e diversas acusações. “Achei que ele foi um bom presidente do Brasil. É realmente muito surpreendente ver isso acontecendo. Tentaram fazer comigo, mas não conseguiram. Só posso dizer que conheci Bolsonaro como presidente e ele é um bom homem”, declarou Trump, em tom de solidariedade.
O comentário chamou atenção porque mostra como a política brasileira, especialmente quando envolve Bolsonaro, ainda tem peso no cenário internacional. Trump e Bolsonaro sempre tiveram uma relação de proximidade, muitas vezes se elogiando em público. Não à toa, ambos foram apelidados pela imprensa estrangeira de “aliados populistas” ou até de “irmãos políticos”. Então, a defesa pública de Trump não chega a ser uma surpresa total, mas certamente reforça a ideia de que o caso de Bolsonaro vai além das fronteiras do Brasil.
Quando questionado sobre a possibilidade de sanções contra o Brasil, Trump preferiu não responder diretamente. No entanto, a fala acabou ganhando ainda mais força com o posicionamento do secretário do Departamento de Estado dos EUA, Marco Rubio. Ele foi bem mais duro nas palavras, acusando o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de conduzir uma “perseguição política”. Rubio lembrou que Moraes já foi sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, e disse que o governo norte-americano não ficará parado diante do que chamou de “caça às bruxas”.
“Os Estados Unidos responderão de forma adequada a essa perseguição. Alexandre de Moraes, que já é sancionado, continua com práticas injustas. A decisão do STF contra o ex-presidente Bolsonaro é mais um passo nesse caminho errado”, afirmou Rubio.
Esse tipo de fala mostra como a condenação de Bolsonaro pode se transformar em um problema diplomático, principalmente porque envolve diretamente a imagem do STF, a mais alta corte do Brasil. Críticos do tribunal dizem que há um excesso de politização nas decisões, enquanto defensores lembram que a Justiça precisa agir de forma independente, mesmo contra figuras poderosas.
Vale lembrar que o Brasil já enfrenta momentos delicados no cenário externo, como as negociações ambientais com a União Europeia e os debates sobre a preservação da Amazônia. Uma crise política interna que gera repercussão em Washington pode complicar ainda mais a posição do país em acordos comerciais e ambientais.
Enquanto isso, dentro do Brasil, as reações seguem divididas. A base de apoio de Bolsonaro considera a decisão injusta e fala em perseguição, usando o caso como combustível para manter viva a militância. Já setores da oposição veem o julgamento como um passo importante no fortalecimento da democracia e no combate ao que chamam de “autoritarismo bolsonarista”.
O fato é que, gostando ou não do ex-presidente, o episódio mostra que Bolsonaro continua sendo uma figura central na política brasileira. E agora, com o envolvimento direto de autoridades americanas, fica claro que a crise também se torna uma peça no tabuleiro internacional. Como se já não bastasse a turbulência política interna, o Brasil volta a ser alvo de olhares atentos de potências estrangeiras.
Resta saber como o governo brasileiro vai administrar essa pressão externa e se a relação com os Estados Unidos vai sofrer algum abalo. Por enquanto, o que se tem é mais um capítulo de uma novela política que parece estar longe de acabar.
