Em novo desabafo, pai de Millena Brandão fala sobre morte da filha: “Tiraram a vida dela”

Luiz Rodrigo Brandão, pai da atriz mirim Millena Brandão, ainda tenta encontrar forças pra lidar com o que aconteceu. A menina, de apenas 11 anos, faleceu em maio, e desde então, o sentimento de injustiça só aumenta. Em entrevista exclusiva à CNN, o pai falou sobre o luto, a dor e, principalmente, sobre a sensação de que a perda da filha poderia ter sido evitada.

“Com o resultado do laudo… a gente teve certeza. Tiraram a vida da nossa filha. Era pra ela estar aqui com a gente hoje”, disse, visivelmente emocionado. “A gente sofreu demais nesses três meses. Eu tinha certeza que não era tumor”, completou.

A morte da menina foi registrada inicialmente como suspeita no 101º Distrito Policial, lá no Jardim Imbuias, em São Paulo. O caso segue sob investigação, mas os pais já adiantaram que vão processar o hospital onde tudo começou. Segundo eles, houve negligência no atendimento.

“A médica não pediu exame nenhum. Nem raio-x, nem tomografia, nada. Ela foi tratada como se tivesse algo simples. E o que aconteceu com ela era grave, sim, mas não era irreversível. Só que piorou demais por causa do primeiro atendimento”, explicou Brandão.

O pai relatou também que, depois, um neurologista revelou que o problema que Millena enfrentava — uma infecção no cérebro — poderia ter sido tratado com drenagem cirúrgica e antibióticos. Isso, claro, só aumentou a indignação da família. “Ela nunca teve sintomas de tumor. Nunca desmaiou, nunca reclamou de dor de cabeça todo dia, nem convulsão. Nada disso.”

Além do luto, a família também teve que lidar com os ataques nas redes sociais. “Diziam que a gente era rico e que mesmo assim nossa filha não tinha plano de saúde. Disseram que a gente sabia que ela ia morrer, que queríamos ganhar dinheiro com processo, que a doença já era conhecida… sendo que não tinha nada disso. Foi cruel demais com a gente.”

O que aconteceu com Millena

No dia 28 de abril, Millena começou a sentir dores fortes na cabeça, cansaço, dores nas pernas… chegou a desmaiar em casa. Os pais a levaram correndo pra UPA Maria Antonieta, em São Paulo. Os exames pra dengue, influenza e Covid deram negativo, mas identificaram uma infecção urinária. E só. Nenhum exame de imagem foi feito ali.

Na manhã seguinte, Millena teve uma parada cardíaca e foi transferida pro Hospital Geral do Grajaú, na zona sul. Lá, finalmente fizeram exames de imagem e viram uma mancha no cérebro. O estado dela era gravíssimo. Ela precisou ser entubada e sedada.

A situação só piorava. Segundo o pai, não havia neurocirurgião disponível. E como ela teve novas paradas cardíacas, não conseguiram transferi-la pro Hospital das Clínicas. Na madrugada do dia 1º de maio, Millena sofreu mais episódios de parada cardíaca.

O diagnóstico final foi morte encefálica — o que muitos conhecem como morte cerebral. De acordo com especialistas ouvidos pela CNN, esse tipo de morte é causada por uma lesão definitiva e irreversível no encéfalo, tronco cerebral e cérebro. É um quadro sem volta, apesar de ainda existir desinformação por aí dizendo o contrário.

A luta da família Brandão, agora, é por justiça. E também pra tentar encontrar um pouco de paz em meio a essa tragédia.

“Ela era nossa alegria, nossa luz. Só queria que tivessem olhado pra ela com mais atenção naquele primeiro dia. Talvez tudo fosse diferente agora”, finalizou Luiz Rodrigo, tentando conter as lágrimas.