João Carreiro teve transtorno que o fazia ver tragédias

A recente morte do saudoso cantor João Carreiro abalou os corações dos brasileiros, deixando uma lacuna irreparável na música sertaneja. Sua partida, resultado de complicações após uma cirurgia cardíaca, levanta não apenas reflexões sobre sua contribuição artística, mas também sobre os desafios enfrentados por ele em sua jornada pessoal, especialmente em relação à sua saúde mental.

Há alguns anos, João Carreiro surpreendeu o público ao revelar em primeira mão que foi diagnosticado com Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) e depressão, afastando-se dos palcos entre 2013 e 2015. No decorrer de uma participação marcante no programa “Encontro”, da Rede Globo, o artista abriu o coração sobre os momentos difíceis que enfrentou e como sua saúde mental o afetou.

Em suas próprias palavras, João Carreiro compartilhou a dificuldade que carregava naquele período. “Tive depressão e TOC. Na época eu fiquei muito mal, a dupla estava no melhor momento da carreira, ninguém entendeu aquilo. Não entenderam o porquê de eu parar”, disse ele. Essa revelação surpreendente destaca a invisibilidade muitas vezes associada aos transtornos mentais, especialmente em uma indústria onde o glamour e o sucesso frequentemente obscurecem as lutas pessoais.

Ainda no desabafo, o cantor explicou que, ao buscar ajuda profissional, foi aconselhado a interromper imediatamente suas atividades. Apesar de ter uma agenda lotada até dezembro, ele tomou a difícil decisão de priorizar sua saúde mental. Esse ato corajoso destaca a importância de priorizar o bem-estar emocional, mesmo quando isso significa interromper uma carreira bem-sucedida.

Em um relato emocionante, João Carreiro revelou as profundezas de sua aflição mental. Ele compartilhou experiências de alucinações, onde via tragédias acontecendo em sua vida. “Eu achava que todos me achavam mentiroso. Eu via as pessoas que eu amava, os próximos, me matando e judiando”, afirmou o artista. Essas revelações abrem uma janela para a complexidade dos transtornos mentais e como eles podem distorcer a percepção da realidade.

A recuperação de João Carreiro foi possível com o apoio de medicamentos, incluindo antialucinógenos, antidepressivos e ansiolíticos. Além disso, ele destacou o papel fundamental da fé em Deus e do apoio de sua família em seu processo de cura.

“O médico conseguiu me convencer que aquilo era coisa da minha cabeça. Tomei antialucinógenos, antidepressivo e ansiolíticos. A fé em Deus me ajudou muito, a base na minha família também”, confessou.

O legado de João Carreiro vai além de sua contribuição para a música sertaneja. Sua coragem em enfrentar e superar os desafios da saúde mental destaca a necessidade de destigmatizar as doenças psicológicas na sociedade. Ao compartilhar sua própria jornada, ele inspira outros a buscar ajuda e compreensão, promovendo uma conversa mais aberta sobre a saúde mental.

A morte de João Carreiro é uma triste perda para a música brasileira, no entanto, sua história serve como um lembrete de que, por trás das luzes do palco, os artistas enfrentam batalhas pessoais. Que sua memória possa ser honrada não apenas pela sua arte, mas também por sua coragem em enfrentar as sombras da saúde mental, contribuindo para um diálogo mais compassivo e inclusivo sobre esse tema crucial.