Lula não perdoa e chama Bolsonaro de ‘frouxo’: ‘Pede anistia antes de ser condenado’

Durante o anúncio do Plano Safra 2025/2026, realizado nesta terça-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o microfone para dar umas alfinetadas, sem citar nomes, mas com endereço certo. No discurso, feito no Palácio do Planalto, ele criticou atitudes adotadas por seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e deixou claro que, diferente de outros, não pretende pedir Pix nem anistia — ao menos não antes de uma eventual condenação.

“Eu nunca vou pedir pra vocês fazerem um Pix pra mim. Nunca. Guarda o dinheiro pra pagar os funcionários de vocês. Eu não quero Pix. E jamais vou pedir anistia antes de ser condenado”, disparou Lula, arrancando aplausos de parte dos presentes.

Sem precisar dizer nomes, a crítica foi claramente direcionada ao ex-presidente Bolsonaro, que já é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por, entre outras coisas, envolvimento numa tentativa de golpe pra evitar a posse de Lula após as eleições de 2022. Desde que deixou o Planalto, Bolsonaro tem sido alvo de investigações e, pra bancar os custos com a Justiça e suas viagens, passou a contar com doações feitas por apoiadores via Pix. Além disso, o ex-presidente chegou a defender publicamente a anistia de investigados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.

“Quem é frouxo não devia fazer bobagem. Quem não tem coragem não devia fazer bobagem. Quem não mede o erro e suas consequências não devia fazer bobagem”, continuou Lula, num tom que mesclava ironia e indignação.

O evento em si, apesar das indiretas, tinha outro objetivo: lançar oficialmente o Plano Safra 2025/2026. O programa prevê um montante robusto de R$ 516,2 bilhões em crédito voltado ao setor agropecuário — um dos pilares da economia brasileira, e também um dos segmentos que tradicionalmente se alinha mais com a direita política.

A cerimônia contou com a presença de figuras importantes do governo, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura), Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Todos eles defenderam a importância de um agro mais sustentável, mais competitivo e, claro, mais alinhado com as metas econômicas e ambientais do governo federal.

O Plano Safra é um dos principais instrumentos de apoio ao produtor rural e costuma ser aguardado com expectativa por empresários, cooperativas e pequenos agricultores. Nesta edição, o foco está em aumentar a produtividade, garantir segurança alimentar e, segundo o governo, avançar em práticas mais ecológicas dentro do campo.

Nos bastidores do evento, o clima era de que o governo quis aproveitar o momento pra reforçar a imagem de Lula como um líder combativo, mas responsável. Alguém que, apesar das polêmicas, busca se distanciar de certas práticas vistas como populistas — como o financiamento pessoal via doações em massa.

Ainda assim, os comentários do presidente repercutiram rápido, principalmente nas redes sociais. Enquanto aliados aplaudiram a “coragem” do petista em se posicionar de forma firme, críticos acusaram-no de usar um evento institucional pra fazer campanha antecipada e atacar adversários políticos.

Fato é que, com as eleições municipais batendo na porta e os desdobramentos das investigações sobre Bolsonaro ganhando força, cada palavra dita por Lula tem peso. E, nesse caso, o que era pra ser só sobre o campo acabou virando também um campo de batalha político.