Mark Ruffalo sobre “Mickey 17”: “todo ditador mesquinho perde no final”

O filme mais recente de Bong Joon Ho, conhecido por “Parasita”, chama-se “Mickey 17”. Nesta produção, o renomado ator Mark Ruffalo, aos 57 anos, desempenha o papel de um político vilanesco cujas ações autoritárias ameaçam a humanidade. Durante a estreia mundial do filme em Londres, Ruffalo descreveu seu personagem como uma combinação de todos os pequenos ditadores que surgiram ao longo do último século, reunidos em uma única figura. Ele mencionou a adição de elementos como nacionalismo cristão ou fanatismo religioso para completar a composição do personagem Kenneth Marshall.

A trama de “Mickey 17” despertou reflexões sobre a atualidade política, com Ruffalo destacando que a história e seu personagem possuem aspectos proféticos diante do cenário político contemporâneo. O filme, rodado em 2022, tem sua estreia marcada para os cinemas sul-coreanos em 28 de fevereiro e no Brasil em 6 de março, pela distribuição da Warner Bros. Pictures.

No enredo, Robert Pattinson interpreta Mickey Barnes, um membro “descartável” de uma missão espacial, cujo destino é morrer e ser recriado conforme necessário. Um incidente inesperado acaba gerando duas versões de Mickey, forçando-as a unir forças para enfrentar a situação. Enquanto isso, Kenneth Marshall, um ex-congressista egocêntrico interpretado por Ruffalo, e sua esposa maquiavélica, vivida por Toni Collette, estão a bordo da missão com seus próprios interesses obscuros.

Para Ruffalo, interpretar um vilão tão ridículo e insano foi uma experiência muito divertida, porém, ao se inspirar em déspotas reais para construir o personagem, ele refletiu sobre o destino comum dessas figuras autoritárias. O ator enfatizou que, apesar da brutalidade que possam impor, tais indivíduos sempre acabam da mesma forma, sendo sua queda inevitável. Ele ressaltou a mensagem positiva do filme, onde as pessoas sempre prevalecem no final, apesar do sofrimento e das adversidades enfrentadas.

A atriz Toni Collette também ressaltou a relevância política e social de “Mickey 17”, destacando como o filme apresenta paralelos com a realidade e como, ao longo do tempo desde as filmagens, a pertinência do tema se intensificou.

Steven Yeun, outro integrante do elenco, focou mais na experiência criativa de trabalhar com Bong Joon Ho, destacando a profundidade e a originalidade do filme como um ambicioso cruzamento de gêneros. Yeun enfatizou a liderança criativa do diretor e a intensidade da imersão no universo cinematográfico proposto por ele.

“Mickey 17” é a sequência do aclamado “Parasita”, vencedor de diversos prêmios, incluindo o Oscar de 2020. Ambos os filmes compartilham a peculiar irreverência característica de Bong Joon Ho, misturando elementos macabros com toques de comédia. A abordagem sócio-econômica e política de “Mickey 17” é feita de forma satírica, explorando questões relevantes de forma criativa e inovadora.

Ao apresentar “Mickey 17”, Bong Joon Ho destacou a essência humana da narrativa, ressaltando que, apesar das diferenças superficiais com “Parasita”, ambos os filmes exploram questões fundamentais sobre a condição humana e os valores essenciais da vida. O diretor revelou que já visualizava Robert Pattinson como protagonista desde a fase de concepção do roteiro, enquanto o próprio Pattinson comentou sobre os desafios e a diversão de interpretar duas versões do mesmo personagem.

Em relação à relevância política do filme, Bong adotou uma postura ambígua, deixando espaço para interpretações diversas por parte do público. Ele ressaltou a natureza ficcional e fantástica do filme, convidando os espectadores a desfrutarem da fantasia apresentada na obra.

“Mickey 17” promete envolver o público em uma jornada alucinante, repleta de reviravoltas e reflexões sobre a natureza humana, a política e o poder. Com um elenco de peso e uma trama intrigante, o filme se destaca como uma obra cinematográfica que vai além do entretenimento, provocando questionamentos e reflexões profundas sobre a sociedade e o indivíduo.