Um estudo recente realizado no Brasil revelou que pequenos pedaços de plástico foram encontrados nos tecidos nasais de cadáveres humanos. Publicado na revista JAMA Network Open, o estudo chamou atenção ao mostrar que microplásticos estão presentes em uma área do nariz que é essencial para sentir cheiros, conhecida como bulbo olfatório. Esse local fica na base do cérebro, e a descoberta levanta preocupações sobre os efeitos desses materiais no nosso organismo.
Luís Fernando Amato-Lourenço, o principal autor do estudo e pesquisador da Universidade Livre de Berlim, explicou que, uma vez que esses plásticos entram nessa parte do nariz, eles podem se espalhar para outras áreas do cérebro. Ele também destacou que a facilidade com que isso acontece depende do tipo e tamanho do plástico, assim como da capacidade do corpo de se defender contra essas partículas.
Phoebe Stapleton, professora da Universidade Rutgers, achou o estudo interessante, mas não ficou surpresa com os resultados. Para ela, é provável que plásticos estejam em todas as partes do corpo que forem investigadas. Isso mostra o quanto estamos expostos a essas substâncias.
Por outro lado, Betsy Bowers, da EPS Industry Alliance, comentou que há um debate entre os cientistas sobre o que esses estudos realmente significam para a saúde. Ela disse que a falta de consenso acontece porque ainda há questões a serem resolvidas, como definições claras de nanoplásticos e a precisão das metodologias usadas para testar esses materiais.
Nos últimos tempos, diversos estudos têm mostrado que microplásticos estão se acumulando em várias partes do corpo humano, como no cérebro, testículos, pulmões e até mesmo no leite materno. Um estudo que saiu em março indicou que pessoas que tinham microplásticos nas artérias corriam o dobro do risco de sofrer um ataque cardíaco ou um derrame em comparação com aquelas que não tinham esses materiais no corpo.
Essas partículas podem interferir em processos celulares e liberar substâncias químicas perigosas, como os bisfenóis e ftalatos, que podem prejudicar a saúde. Sherri “Sam” Mason, da Penn State Behrend, mencionou que esses produtos químicos podem chegar a órgãos vitais e até atravessar a placenta, afetando fetos em desenvolvimento.
O novo estudo encontrou microplásticos em 8 dos 15 cadáveres analisados, com tamanhos que variam de 5,5 a 26,4 micrômetros. Para você ter uma ideia, isso é bem menor que um fio de cabelo humano! Porém, eles não conseguiram detectar nanopartículas, que são ainda menores. A análise revelou que, em algumas pessoas, o nariz parecia mais receptivo a esses plásticos, possivelmente por causa de inflamações.
O plástico mais comum encontrado foi o polipropileno, que é usado em diversos produtos do dia a dia. Embora geralmente seja considerado seguro, um estudo de abril deste ano indicou que ele pode piorar o câncer de mama.
Para quem quer reduzir a exposição a esses produtos químicos, algumas dicas são: usar recipientes de vidro ou aço inoxidável ao invés de plásticos, evitar aquecer alimentos em plásticos e sempre verificar o código de reciclagem dos produtos. Os ftalatos, que estão por toda parte, são conhecidos por serem disruptores hormonais e devemos ter cuidado com eles.
Por fim, o Conselho de Defesa dos Recursos Naturais sugere reduzir o uso de plásticos descartáveis e usar sacolas reutilizáveis. Coisas simples, como levar uma caneca de viagem para o café e usar talheres próprios no trabalho, podem fazer uma grande diferença. Esses pequenos passos ajudam a minimizar nossa exposição a esses materiais nocivos e a proteger nossa saúde.