Morre o jornalista Mino Carta, referência da imprensa brasileira

Mino Carta: Uma Vida Dedicada ao Jornalismo e à Verdade

Na última terça-feira, dia 2, o Brasil se despediu de um dos grandes nomes do jornalismo nacional, Mino Carta, que faleceu aos 91 anos. O fundador e diretor de redação da CartaCapital enfrentava problemas de saúde que o levaram a passar as últimas duas semanas internado na UTI do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A causa de seu falecimento não foi divulgada, mas a notícia foi confirmada pela própria revista que ele ajudou a fundar.

Uma Trajetória de Influência e Inovação

Nascido em 6 de setembro de 1933, na cidade de Gênova, na Itália, Mino se mudou com sua família para São Paulo durante a década de 40. Esse movimento, que muitos imigrantes fizeram na época, tornou-se um ponto crucial na vida do jovem Mino, que desde cedo seria influenciado pelo ambiente vibrante e complexo da imprensa brasileira. Sua carreira foi marcada pela fundação e direção de importantes veículos de comunicação, como as revistas Veja e IstoÉ, além do Jornal da Tarde, do Estadão, e, claro, da CartaCapital.

Um aspecto interessante da vida de Mino é que ele faz parte de uma tradição familiar de jornalistas. Seu avô materno, Luigi Becherucci, já dirigia um jornal em Gênova e seu pai, Giannino, seguiu o mesmo caminho. Essa herança familiar moldou seu caráter e suas convicções, e ele a honrou ao longo de sua vida profissional. Ao se estabelecer no Brasil, Mino não só seguiu os passos da família, mas também deixou sua marca indelével na história do jornalismo.

Desafios e Conquistas

Depois de abandonar o curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1956, Mino retornou à Itália, onde começou sua carreira na Gazetta del Popolo, de Turim. Mais tarde, ele se tornou correspondente de publicações brasileiras, como o Diário de Notícias e Mundo Ilustrado. Esse período na Europa foi fundamental para sua formação, pois ele pôde observar de perto as dinâmicas do jornalismo europeu.

Ao voltar ao Brasil, Mino aceitou um convite de Victor Civita para dirigir uma nova revista da editora Abril, a Quatro Rodas, que se tornaria uma referência no setor automobilístico. Sob sua liderança, surgiram nomes icônicos do jornalismo brasileiro, como o repórter José Hamilton Ribeiro. Essa experiência consolidou sua reputação como um dos grandes nomes da comunicação no país.

Publicações Marcantes e Legado

Mino Carta esteve por trás do lançamento de várias publicações que se tornaram fundamentais na história do jornalismo brasileiro. A Veja, lançada em 1968, e a IstoÉ, em 1976, são exemplos de revistas que mudaram a forma como as notícias eram consumidas no Brasil. Além disso, a CartaCapital, lançada em 1994, trouxe uma abordagem crítica e analítica, desafiando as narrativas predominantes da mídia na época.

Ele também foi co-fundador do Jornal da República, um projeto que, apesar de ter sido fechado por questões financeiras, trouxe uma proposta inovadora de jornalismo. Sua visão e compromisso com a verdade o tornaram um respeitado comentarista e analista político.

Contribuições para as Artes e o Reconhecimento

Além de sua carreira no jornalismo, Mino também deixou sua marca nas artes. Ele publicou livros de ficção e teve exposições de suas pinturas, mostrando que sua criatividade não se limitava apenas às palavras. Embora não tenha completado um curso superior, recebeu o título de doutor honoris causa pela Faculdade Cásper Líbero em reconhecimento a suas contribuições ao jornalismo.

Em 2006, ele foi homenageado com o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano pela ACIE, um reconhecimento de sua importância e influência na mídia nacional.

Um Legado Inesquecível

Mino Carta deixa um legado que vai muito além de suas publicações. Ele foi um defensor da liberdade de expressão e um crítico incansável das injustiças sociais. Sua morte é uma grande perda para o jornalismo brasileiro, mas suas ideias e contribuições continuarão a inspirar novas gerações de jornalistas. Mino deixa uma filha, Manuela Carta, e suas memórias permanecerão vivas através de seu trabalho e do impacto que teve na sociedade.

Para aqueles que desejam prestar homenagem a Mino, suas obras e contribuições podem ser revisitadas, inspirando discussões sobre o papel da imprensa e a importância da verdade em tempos de desinformação.