‘O pior momento foi quando vi a Juliana’: alpinista faz forte desabafo sobre o resgate da brasileira em vulcão

As imagens captadas por drone e divulgadas recentemente pelos socorristas da Indonésia escancararam o tamanho da tragédia que tirou a vida da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani, uma das montanhas mais altas e desafiadoras do país. As cenas, ao mesmo tempo belas e angustiantes, revelam desde o cume — onde a queda teria ocorrido — até a região rochosa onde o corpo dela foi finalmente encontrado e içado com cordas e muito esforço coletivo.

Segundo relatos dos socorristas, Juliana caiu de uma altura de mais ou menos 600 metros. Uma distância quase inimaginável pra quem nunca pisou num terreno desses. A trilha, que é bastante conhecida entre os aventureiros e turistas, se transformou em palco de uma verdadeira operação de guerra. O vídeo mostra dezenas de pessoas se movimentando no topo do vulcão, com cordas penduradas e equipes se arriscando em diversos pontos do paredão rochoso. O cenário é assustador — e mostra bem a complexidade de tudo aquilo.

De acordo com informações dos responsáveis pelo resgate, cerca de 30 pessoas estiveram envolvidas diretamente na operação. E não foi algo improvisado, não. Tinha gente especializada tanto no cume quanto na parte do paredão, trabalhando em sincronia. A estrutura montada impressiona até os mais experientes em montanhismo. Um dos resgatistas, inclusive, comentou que tinham sete profissionais no ponto exato da queda, outros três estrategicamente posicionados na beirada do penhasco, e mais 23 ajudando na parte do içamento, lá no alto.

Mas mesmo com toda essa força-tarefa, o clima era de tristeza. Ninguém ali queria estar fazendo aquilo — todo mundo gostaria que o final tivesse sido outro. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, um dos alpinistas que participou ativamente do resgate deu um depoimento bastante comovente. Ele disse: “O pior momento foi quando eu vi a Juliana, porque esperava que ela ainda estivesse viva”. Dá pra imaginar o peso disso? Um cara que sobe montanhas, que já enfrentou o diabo em forma de tempestade, ficou abalado com a cena.

A reportagem completa deve ir ao ar no próximo domingo (29), no Fantástico, trazendo detalhes sobre como foi a missão, os bastidores da operação, e também um pouco sobre quem era Juliana. Amigos próximos já tinham contado que ela era apaixonada por natureza, trilhas, aventuras. Estava realizando um sonho quando tudo aconteceu.

A tragédia com Juliana reacende também o debate sobre segurança em trilhas e montanhas fora do Brasil. Cada vez mais brasileiros têm buscado roteiros diferentes, inclusive em países como Indonésia, Nepal, Bolívia e outros destinos cheios de natureza e desafios. Só que nem sempre o preparo técnico acompanha esse desejo de aventura. E, infelizmente, às vezes o preço disso é alto demais.

É claro que o momento agora é de luto, de apoio à família, de buscar conforto onde for possível. Mas também é uma hora de refletir sobre riscos, limites e até sobre o que significa realmente “viver intensamente”. Juliana estava fazendo o que amava. E isso, apesar da dor que fica, é algo que ninguém pode tirar dela.