A Colômbia iniciou uma expedição subaquática para explorar um navio de guerra espanhol afundado no Caribe há mais de 300 anos. Acredita-se que o navio contenha artefatos de valor estimado em bilhões de dólares, cujos direitos estão atualmente envolvidos em uma disputa intensa.
Descoberto em 2015 nas águas próximas à cidade portuária de Cartagena pelo governo colombiano, o San José é frequentemente chamado de “Santo Graal dos naufrágios”. Acredita-se que o navio, equipado com 62 canhões e três mastros, fosse a embarcação mais importante e maior da frota espanhola. Ele transportava ouro, prata, esmeraldas e outros bens valiosos das minas de Potosí, no Peru. O San José navegava do Panamá para a Colômbia quando afundou em 8 de junho de 1708, durante uma batalha com navios britânicos na Guerra da Sucessão Espanhola, levando consigo cerca de 600 pessoas a bordo.
A primeira fase da expedição se concentrará na captura de imagens do navio utilizando sensores remotos “não intrusivos”, conforme relatado pelo Instituto Colombiano de Antropologia e História (ICANH). Os resultados desta fase inicial poderão pavimentar o caminho para explorações subsequentes, que podem incluir a recuperação de materiais arqueológicos do naufrágio.
O ICANH também designou o local da descoberta como uma “área arqueológica protegida” nacional, com o objetivo de preservar seu valor científico e arqueológico. Os pesquisadores planejam utilizar uma embarcação subaquática equipada com tecnologias de posicionamento acústico, além de um veículo de operação remota equipado com diversos sensores e ferramentas capazes de alcançar a profundidade do naufrágio.
“Este governo está realizando algo sem precedentes… explorando o naufrágio como uma oportunidade para compreender a história e a cultura”, afirmou o ministro da Cultura, Juan David Correa, em uma entrevista coletiva realizada em Cartagena na quarta-feira (22), onde também foi lançada a expedição.
Batalha legal de bilhões de dólares por direitos
A descoberta do San José foi significativa para a Colômbia devido ao tesouro de artefatos culturais e históricos que o navio contém, além das pistas que podem fornecer sobre o clima econômico, social e político da Europa no início do século XVIII.
Mas também desencadeou uma batalha jurídica multibilionária.
A Colômbia afirma que descobriu o San José pela primeira vez em 2015 com a ajuda de cientistas internacionais.
No entanto, suas reivindicações foram contestadas pela Sea Search-Armada (SSA), uma empresa de salvamento marítimo com sede nos EUA, anteriormente conhecida como Glocca Morra. A SSA argumenta que foi ela quem descobriu o naufrágio no início da década de 1980. A empresa iniciou uma batalha legal contra o governo colombiano no Tribunal Permanente de Arbitragem, reivindicando direitos a aproximadamente US$ 10 bilhões — metade do valor estimado do tesouro do naufrágio.
O governo colombiano contesta as reivindicações da SSA. Segundo relatórios divulgados pela SSA, a perda do San José e de sua carga teria causado dificuldades financeiras significativas para comerciantes em toda a Europa e no Novo Mundo.
Saiba mais:
Causas habituais de naufrágios
- Má administração por parte dos armadores: Falha em considerar os efeitos adversos das condições atmosféricas, como tempestades e aquecimento dos mares, nas embarcações.
- Perfuração do casco: Danos que permitem a entrada de água na parte submersa do navio.
- Instabilidade: Inclinação excessiva do navio que impede a recuperação da estabilidade adequada.
- Fatores meteorológicos: Condições climáticas severas que podem causar instabilidade e levar o navio a colidir com objetos sólidos, resultando em danos no casco.
- Falha de navegação: Erro humano ou tecnológico que resulta na colisão do navio com rochas submersas, icebergs ou outras embarcações.
- Danos intencionais: Destruição do navio motivada por guerra ou conflito, que pode envolver desde sabotagem até o impacto de armamentos como projéteis, mísseis ou torpedos.