Policiais que deixaram criminosos passar no RJ cometeram crimes? Entenda

Grupos Criminosos em Bangu: O que as Imagens Revelam e as Implicações Legais

No último domingo, dia 27, uma gravação feita por um drone chamou a atenção ao mostrar um comboio de criminosos transitando por Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As imagens, que foram divulgadas pela CNN, mostram ao menos sete veículos, todos ocupados por indivíduos fortemente armados. O que torna essa situação ainda mais alarmante é o fato de que, nas filmagens, os policiais presentes na cena não tomaram qualquer atitude contra o grupo, com uma viatura sinalizando para os veículos criminosos ao invés de abordá-los.

A Omissão da Polícia e o Que Diz a Lei

Essa situação levanta questões sérias sobre a atuação da polícia militar. De acordo com a legislação vigente, como o Código Penal Militar (CPM) e o Código de Processo Penal Militar, há várias disposições que podem se aplicar no caso. A primeira delas é a Omissão de Lealdade Militar, prevista no Artigo 151 do CPM, que caracteriza como crime a inação de um militar em situações onde ele deveria agir, como um motim ou revolta. No vídeo, a ausência de abordagem aos criminosos armados pode ser vista como uma grave omissão dessa lealdade.

Outro ponto importante é a Omissão de Dever (Art. 196 do CPM), que estabelece a penalidade para o militar que não cumpre a missão que lhe foi atribuída. O papel dos policiais militares é garantir a ordem pública e combater o crime. Ignorar um grupo armado é uma falha direta nesse dever. Além disso, a desobediência (Art. 301 do CPM) também pode ser analisada, caso haja uma ordem específica que não foi seguida. Porém, o foco se recai mais sobre a não ação direta de enfrentar o crime.

Implicações da Prevaricação

Outro aspecto a ser considerado é a Prevaricação (Art. 319 do CPM), que ocorre quando um agente público retarda ou deixa de realizar um ato de ofício. O fato de os policiais não apenas não abordarem os criminosos, mas também sinalizarem para eles, pode indicar uma intenção de satisfazer algum interesse pessoal, o que compromete a integridade da função policial.

O Que Está em Jogo?

A situação se torna ainda mais complexa com a recente alteração na legislação, através da Lei nº 13.491 de 2017, que ampliou a definição de crimes militares, incluindo aqueles previstos na legislação penal comum. Isso significa que a atuação dos policiais pode ser analisada sob uma nova luz, considerando as implicações de sua conduta.

Ainda mais preocupante é o fato de que o Código de Processo Penal reforça que os policiais têm o dever de agir quando presenciam um crime. A Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) já se manifestou sobre o caso, determinando que os policiais envolvidos sejam ouvidos pela 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. Isso demonstra que a corporação está tratando a situação com a seriedade que ela merece, podendo haver consequências tanto criminais quanto disciplinares.

Resposta da Policia e Opiniões Sobre a Ocorrência

Em um comunicado oficial, o coronel Marcelo Menezes, secretário da SEPM, informou que os policiais foram acionados para verificar a presença de criminosos na comunidade do Catiri. Contudo, o que se viu nas imagens gerou uma onda de críticas e desconfiança sobre a efetividade das ações policiais na região. Em menos de um ano, a polícia fez 62 prisões e apreendeu 66 armas de fogo, incluindo fuzis, o que indica a gravidade da situação local.

Reflexões Finais

A cena registrada pelo drone não é apenas uma representação do que acontece nas ruas, mas um reflexo das complexidades do sistema de segurança pública no Brasil. A falta de ação dos policiais levanta questionamentos sobre a formação, o comprometimento e as condições de trabalho dos agentes de segurança. É essencial que a sociedade acompanhe a evolução desse caso, não apenas para entender as falhas do passado, mas também para exigir mudanças efetivas que promovam uma segurança pública mais eficiente e transparente.

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