O clima político em Brasília segue pegando fogo. Na quarta-feira, dia 6, o deputado Luciano Zucco (PL-RS), que atualmente lidera a oposição na Câmara dos Deputados, fez uma declaração que mexeu com os bastidores do Congresso: segundo ele, falta apenas uma única assinatura para que o Senado possa protocolar oficialmente um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Zucco afirmou que o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que até então estava em cima do muro, decidiu dar seu apoio e se tornou o 40º a assinar o documento. Isso coloca os aliados do pedido a apenas um passo de alcançar o número mínimo necessário: 41 assinaturas. Ou seja, tá no quase.
E parece que a pressão tem surtido efeito. Ainda nos últimos dias, a senadora Ivete da Silveira (MDB-SC) também entrou no jogo e confirmou seu apoio à proposta. Enquanto isso, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), conhecido por sua presença nas redes sociais e por ser um dos rostos jovens mais ativos da direita, segue junto com Zucco negociando com outros parlamentares para fechar essa conta o quanto antes — possivelmente ainda hoje.
Se esse pedido for realmente protocolado e aceito pelo Senado, vai ser a primeira vez que a Casa vai colocar em pauta uma análise de impeachment contra um ministro do STF. Sim, seria inédito. E, convenhamos, isso carrega um peso histórico considerável, especialmente no contexto atual, onde os atritos entre os Poderes vêm se tornando mais comuns — e visíveis — do que nunca.
Não é de hoje que Alexandre de Moraes se tornou um dos nomes mais controversos no cenário político brasileiro. Desde a época das investigações sobre fake news, atos antidemocráticos e até a condução de decisões durante as eleições, Moraes tem acumulado admiradores e críticos em medidas quase iguais. Só que o grupo de críticos, especialmente entre os aliados do ex-presidente Bolsonaro, vem aumentando a pressão contra ele — e esse movimento de Zucco e companhia é reflexo direto disso.
É importante lembrar que um pedido de impeachment contra um ministro do STF não é algo simples de ser levado adiante. Além de conseguir as assinaturas, o processo depende da vontade política do presidente do Senado, hoje Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que já demonstrou certa resistência em pautar esse tipo de tema. Ou seja, mesmo com o protocolo, ainda tem muito chão pela frente.
O momento político, no entanto, ajuda a colocar lenha nessa fogueira. O país vive um cenário de tensão institucional constante, com decisões judiciais sendo questionadas, operações da PF ganhando repercussão e políticos tentando marcar posição para as eleições de 2026. Tudo isso cria um ambiente fértil para movimentos como esse ganharem força.
Ainda assim, a grande pergunta continua sendo: vai dar em alguma coisa? Difícil dizer. Mas o simples fato de chegar tão perto de ser protocolado já é, por si só, um marco. Mostra que o clima entre Legislativo e Judiciário tá longe de ser harmônico.
Por enquanto, seguimos acompanhando o desenrolar dessa novela política que mistura pressão, vaidade, jogo de poder e, claro, um olho nas urnas. Afinal, tudo em Brasília gira em torno disso no fim das contas.